Moçambique: Governo e Nações Unidas citam avanços no combate à fome e insegurança alimentar
O país reduziu em 32% o nível insegurança alimentar e o número de pessoas com fome nos últimos 10 anos; percentagem das crianças desnutridas caiu7%; Moçambique perde anualmente US$ 1,6 bilhões devido a desnutrição crónica.
Moçambique comemora a Semana da Erradicação da Fome sob lema “As nossas ações são o nosso futuro - É possível um mundo Fome Zero até 2030”. Várias agências das Nações Unidas no país reconhecem avanços no combate à fome e à insegurança alimentar. A ONU News em Maputo ouviu a representante do Programa Mundial para a Alimentação, PMA. Karin Manente cita os avanços nos últimos dez anos.
“O nível de insegurança alimentar e número de pessoas com fome tem diminuído nos últimos 10 anos. Estava por volta de 56 % dez anos atrás, hoje em dia, a última vez que foi medido estava em 24% da população, ou seja, houve uma melhoria. A percentagem das crianças desnutridas também houve uma diminuição, estava em 48% nos 10 anos atrás, hoje está em 41%, então ainda é um nível alto mais há uma melhoria.”
Desafios
Apesar das melhorias, o ministro da Agricultura e Segurança Alimentar de Moçambique, Higino de Marrule, afirma que persistem desafios.
“Moçambique já deu passos significativos ao reduzir a prevalência da população sujeita a insegurança alimentar, contudo ainda persistem desafios, por isso, as politicas do nosso governo estão orientadas para as zonas rurais como forma de alavancar o papel da mulher rural e produtores destas zonas que na sua maioria praticam agricultura de subsistência.”
Para a representante do PMA, na lista dos desafios há que destacar a questão da resiliência.
“Infelizmente há bolsas de escassez, o número de pessoas afetadas ainda está sendo apurado e avaliado, o PMA está no momento a nível distrital e de comunidade apoiando por volta de 160 mil pessoas, mas cada vez mais o enfoque do PMA não é só no alívio, mas sim na resiliência. Quando trabalhamos com as comunidades, olhamos quais são os investimentos comunitários que podem melhorar a resiliência daquela comunidade, por exemplo, uma forma para trabalhar chama-se comida por trabalho.”
Economia
Já o representante da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, FAO, Olman Serrano, afirma que a vitória sobre os desafios da segurança alimentar e nutricional face à fome zero em Moçambique vai contribuir para a economia do país.
“Moçambique perde anualmente mais de 11 % do seu PIB devido a desnutrição crónica o que corresponde a uma perda anua de cerca de US$ 1, 6 bilhões. A população em Moçambique regista contínuo crescimento e como o aumento da produção e produtividade tem de ocorrer na mesma superfície de terra disponível, a FAO estima que 70% de tal crescimento, terá que advir de eficiências geradas por avanços tecnológicos.”
Estima-se que, em 2016, cerca de 821 milhões de pessoas tenham sido afetadas pela fome crónica no mundo, aproximadamente 60% são mulheres. Sabe-se também que cerca de 80% das pessoas extremamente pobres vivem nas zonas rurais e dependem da agricultura para a sua subsistência.