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Ebola já matou 106 pessoas na República Democrática do Congo

Centro de tratamento em Beni, centro do novo surto na RD Congo.
Monusco/Alain Coulibaly
Centro de tratamento em Beni, centro do novo surto na RD Congo.

Ebola já matou 106 pessoas na República Democrática do Congo

Saúde

Diretor-geral da Organização Mundial de Saúde avisa que surto se espalha para zonas de fronteira; o risco de contágio regional subiu de alto para muito alto; delegação do Conselho de Segurança visita país entre esta quinta-feira e domingo.

O surto de ebola no Kivu Norte, na República Democrática do Congo, já contaminou 161 pessoas e causou a morte de 106. Cerca de 45 pacientes sobreviveram e outros estão sendo tratados. 

A informação foi confirmada pelo diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, OMS, Tedros Ghebreyesus, ao Conselho de Segurança. Uma delegação do Conselho visita o país entre esta quinta-feira e domingo.

Resposta

Tedros, que esteve no país em agosto, referiu “desafios extraordinários e medidas igualmente extraordinárias tomadas pelo governo, a OMS e os parceiros para acabar com o surto”.

Os painéis serão antecedidos por uma apresentação do diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, e contarão com especialistas e representantes da sociedade civil e do setor privado
Diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus., by ONU/Daniel Johnson

Segundo ele, o governo “está fazendo um trabalho notável numa situação extremamente difícil”. A OMS tem mais de 200 funcionários no terreno, atuando a partir de quatro centros. Também colabora com a missão da ONU no país, Monusco.

Até este momento, mais de 13,7 mil pessoas foram vacinadas usando o método de vacinação em anel. Cerca de 47 pessoas foram tratadas usando tratamentos experimentais.

Dificuldades

No seu discurso, o chefe da OMS descreveu os vários obstáculos enfrentados pelas autoridades.

Primeiro, referiu a situação de segurança, com ataques de grupos armados às forças armadas do país, à Monusco e até ataques indiscriminados. Os ataques causaram a morte de 21 pessoas e bloquearam a operação da OMS durante vários dias.

O diretor-geral explicou que a agência tem tomado todas as medidas para manter os seus funcionários seguros, mas que “aumentam os riscos de um acidente, um sequestro, ou de alguém estar no local errado na hora errada.”

A segunda dificuldade é a falta de confiança entre famílias. O envolvimento das comunidades é uma parte crítica da resposta, mas a OMS tem encontrado resistência na aldeia de Ndindi, onde surgiram muitos dos casos mais recentes. Há pessoas que se recusam a fazer o acompanhamento ou serem tratadas nos centros da OMS.

Estes problemas causam a terceira dificuldade, a expansão do surto para zonas vermelhas, inacessíveis devido à presença de grupos armados, e áreas de fronteira junto ao Uganda.

Na última semana, a OMS decidiu aumentar o risco de contágio regional de alto para muito alto. Ghebreyesus disse estar muito preocupado com o potencial do vírus se espalhar para Uganda, mas também Ruanda, Sudão do Sul e Burundi.

O risco de contagio fora de África continua baixo.

Pedidos

Ghebreyesus pediu ao Conselho de Segurança que use a sua influência para assegurar o acesso completo e sem interrupções a todas as áreas afetadas, bem como a proteção das pessoas em risco e dos funcionários que trabalham na resposta.

O diretor-geral também pediu mais financiamento para a operação. Segundo ele, a OMS já recebeu US$ 8 milhões dos US$ 33 milhões solicitados.

No final, o responsável lembrou que a epidemia “ocorre num contexto de grandes necessidades humanitárias, um país onde as pessoas sofrem de forma imensa há décadas”.