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Acnur pede “diálogo mais empático e humano" sobre refugiados

O alto comissário adjunto dos Refugiados para a Proteção convocou a comunidade internacional a focar-se num "diálogo mais empático e humano", centrado na dignidade humana.
Foto: Acnur/ Sufyan Ararah
O alto comissário adjunto dos Refugiados para a Proteção convocou a comunidade internacional a focar-se num "diálogo mais empático e humano", centrado na dignidade humana.

Acnur pede “diálogo mais empático e humano" sobre refugiados

Migrantes e refugiados

Alto comissário adjunto para a Proteção alerta para polarização de posições; apelo é que países centrem prioridades na dignidade humana; guerra e perseguição já desalojaram 68,5 milhões pessoas em todo o mundo.

O alto comissário adjunto dos Refugiados para a Proteção, Volker Türk, convocou esta quinta-feira a comunidade internacional a focar-se num "diálogo mais empático e humano", centrado na dignidade humana, para combater a polarização do debate sobre os refugiados.

Divergência

Num discurso durante a reunião anual do Comité Executivo da Agência de Refugiados da ONU, em Genebra, o chefe da proteção internacional do Acnur mencionou, por um lado, a abordagem multilateral construtiva que levou 193 estados membros da ONU a desenvolver um pacto global sobre refugiados. Para Türk, tal passo mostra que um acordo “pode ser alcançado” quando se põe de lado “os interesses de curto prazo.”

Por outro lado, o representante identificou as consequências para os Estados quando estes cedem às pressões populistas e se “esquivam de suas responsabilidades.”

Ele citou os exemplos de crianças que batem com a cabeça contra as paredes, desesperadas, separadas dos pais e os suicídios de jovens asilados mantidos e maltratados nos centros de refugiados.

O responsável afirmou que estamos agora “diante de um momento decisivo em que surgiram dois conjuntos de valores.”

Estamos agora diante de um momento decisivo em que surgiram dois conjuntos de valores. - alto comissário adjunto dos Refugiados para a Proteção, Volker Türk

Dignidade humana

O debate ocorre numa altura em que, segundo o Acnur, a guerra e a perseguição já desalojaram 68,5 milhões de crianças, mulheres e homens no mundo. Entre eles 25,4 milhões de refugiados. Um número recorde.

Türk pediu a criação de um espaço onde seja possível “um debate sobre para a dignidade humana”, numa altura “de ruído, de falta de civismo e de linguagem ríspida”.

Prioridades

Neste contexto, o responsável pela proteção estabeleceu cinco áreas prioritárias de trabalho.

Türk considera que, em primeiro lugar, “o respeito pela dignidade deve ser central para o desenvolvimento e implementação de leis e padrões para a proteção de refugiados.”

Em segundo lugar, o chefe de proteção enfatizou que o respeito pela dignidade deve ser o antídoto para a desumanização. Para tal, o responsável conisdera que “é necessário  enfrentar a xenofobia, o racismo, e a intolerância, muitas vezes impulsionados pelo medo, pela raiva e pelas ansiedades dentro das comunidades.

A terceira prioridade definida pelo Acnur é que o respeito pela dignidade deve contemplar “o direito a uma nacionalidade, que reconhece que os indivíduos são sujeitos de direito, dotados de dignidade e com direito a uma identidade legal.”

Causas

Em quarto lugar, Türk disse que é uma responsabilidade coletiva abordar as causas das migrações e ajudar os países a assumirem as suas responsabilidades no acolhimento de refugiados.

Ele considerou surpreendente que “alguns dos países que mais se beneficiaram da cooperação internacional e do comércio estejam entre os menos dispostos a fazer parte de estruturas internacionais ou regionais sobre movimentos populacionais, incluindo refugiados”.

Por último, o representante declarou que a dignidade e a segurança das futuras gerações devem ser protegidas, abordando as questões que levaram ao deslocamento forçado, com os conflitos armados no topo da lista.

Türk destacou que fatores que alimentam conflitos e violência devem ser abordados como uma prioridade, incluindo o comércio de armas, indústrias de extração, a aquisição de terras para mineração e outros fins, a desigualdade, o autoritarismo e a mudança e degradação ambiental.