Perspectiva Global Reportagens Humanas

Agências da ONU citam desafios de crianças e adolescentes venezuelanos no Brasil

O Acnur afirma que o êxodo dos venezuelanos é um dos maiores movimentos em massa da história da América Latina.
Acnur/Reynesson Damasceno
O Acnur afirma que o êxodo dos venezuelanos é um dos maiores movimentos em massa da história da América Latina.

Agências da ONU citam desafios de crianças e adolescentes venezuelanos no Brasil

Migrantes e refugiados

Cerca de 63,5% dos participantes no estudo do Unicef e da OIM não frequenta a escola; mais de 60% afirmou não ter acesso à água mineral filtrada para beber.

A maioria das crianças venezuelanas que chega ao Brasil não frequenta a escola, tem problemas alimentares e existem relatos de crianças expostas à violência.

As conclusões são de um relatório produzido pela Organização Internacional para as Migrações, OIM, e o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef.

Resultados

A pesquisa foi realizada nas cidades de Pacaraima e Boa Vista, entre maio a junho, e mostra os desafios que os venezuelanos enfrentam quando chegam ao país, em especial as crianças e os adolescentes.

Segundo o estudo, 63,5% desta população não frequenta a escola. As razões para a ausência incluem falta de vagas, distância e custos.

Olhando apenas a idade escolar obrigatória, mais da metade, 59%, das crianças e adolescentes entre cinco e 17 anos não frequentam a escola. A percentagem para esta categoria é maior na faixa etária de 15 a 17 anos, onde 76% não frequenta a escola.

Saúde e alimentação

Em relação à saúde, 87,1% das crianças e adolescentes estavam com as vacinas atualizadas e 70% tinham acesso aos serviços de saúde.

Apelo aos líderes mundiais é que acelerem e garantam um financiamento adequado para a educação dedicada a todas as meninas
Venezuelanos estão a ser levados da cidade de Boa Vista, em Roraima, para outras partes do Brasil. , by Acnur/Reynesson Damasceno

Apesar desses valores, 60% dos entrevistados afirmaram não ter acesso a água mineral filtrada para beber e 45% não tinham acesso regular à água para cozinhar e para a sua higiene pessoal. Além disso, 28% dos menores de 18 anos disseram ter tido diarreia no último mês.

Desde que chegaram ao Brasil, 115 crianças e adolescentes venezuelanos, ou 16% dos inquiridos, passaram por algum momento em que não tiveram comida suficiente.

Pelo menos 128 tiveram que reduzir o número de refeições diárias, 93 sentiram fome e não conseguiram alimentos e 84 disseram ter passado por um dia em que comeram apenas uma vez ou não comeram.

Desde que chegaram ao Brasil, 16 dos entrevistados responderam que, em algum momento, uma criança ou adolescente sob sua responsabilidade trabalhou ou fez algum tipo de atividade esperando obter algum tipo de pagamento.

Um total de 14 crianças e adolescentes disse que, desde que chegou ao Brasil, conheceu outra que estava em risco de violência sexual.

Para a pesquisa, foram entrevistadas quase 4 mil pessoas, das quais 425 estavam com seus filhos menores de 18 anos ou acompanhando algum menor de idade

A primeira edição desta pesquisa foi realizada entre janeiro e março deste ano.