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Na ONU, Cabo Verde pede fim da pena de morte

Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, na Assembleia Geral.
Foto ONU/Cia Pak
Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, na Assembleia Geral.

Na ONU, Cabo Verde pede fim da pena de morte

Direitos humanos

Pena capital foi um dos grandes temas do discurso do presidente cabo-verdiano na Assembleia Geral; Jorge Carlos Fonseca destacou cultura de tolerância do seu país.

O presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, pediu esta quarta-feira que os países se unam para acabar com a pena de morte.

O chefe de Estado cabo-verdiano discursou no segundo dia do debate de Alto Nível da Assembleia Geral da ONU.

Pena de morte

Fonseca considera que é uma “profunda tristeza”, que muitos países do globo continuem a ter pena de morte.  Segundo ele, esta realidade “exige de todos uma reflexão mais profunda, mais cuidada e mais responsável.”

“Acreditamos firmemente, em nome da clemência e em nome da prudência, que a pena capital não se revela como um instrumento adequado e justo. E nem sequer eficiente de reposição do direito, tendo em conta as suas insuperáveis fragilidades e condicionalidades.”

Discurso: presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca.

Cabo-verdianos

O presidente cabo-verdiano também destacou o espírito dos cidadãos do seu país, dizendo que têm demonstrado que “a tolerância é sempre possível” e que a permissão de valores “é uma realidade, mesmo em condições adversas”.

“A opção por uma política de paz, de diálogo e de entendimento, na prevenção e na resolução de conflitos, mais do que a explicitação e a assunção desses valores, é emanação de um modo de estar e de ser dos cabo-verdianos. De uma cultura de tolerância, que tem permitido que, ao longo das quatro décadas da sua história como país soberano, tais valores e princípios tenham informado as políticas do nosso país.”

Obstáculos

Fonseca destacou o terrorismo, a crise migratória, as mudanças climáticas, os conflitos e a gritante situação de pobreza como alguns dos grandes desafios enfrentados pelo mundo.

Em relação a Cabo Verde, lembrou que os índices de desenvolvimento económico, social e financeiro têm recebido avaliação positiva das principais instituições internacionais.

Apesar disso, Fonseca lembrou que o país tem uma economia baseada em serviços e um mercado escasso e, por isso, “não pode ignorar as suas grandes vulnerabilidades”.

O chefe de Estado lembrou que o país foi classificado como nação de renda média em 2008, mas afirmou que as “vulnerabilidades tornaram-se mais complexas desde então”.

Fonseca destacou vários desafios para o país, como a fraca capacidade produtiva, o desemprego jovem, as desigualdades de género e sociais, e dificuldades a nível da água, saneamento e saúde.