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Ilhas gregas: número de crianças refugiadas e migrantes aumenta 32%

Crianças e mulheres refugiadas e migrantes que vivem no Centro de receção e identificação de Moria, em Lesbos, na Grécia
Foto UNICEF/Pavlos Avagianos
Crianças e mulheres refugiadas e migrantes que vivem no Centro de receção e identificação de Moria, em Lesbos, na Grécia

Ilhas gregas: número de crianças refugiadas e migrantes aumenta 32%

Migrantes e refugiados

Pelo menos 7 mil crianças fizeram a perigosa viagem por mar desde janeiro; Unicef alerta para a sobrelotação dos centros de acolhimento; mais de 20,5 mil refugiados e migrantes vivem nas ilhas gregas.

O número de crianças refugiadas e migrantes que chegaram às ilhas gregas entre janeiro e agosto de 2018 aumentou 32% em comparação com o mesmo período do ano passado.

Mais de 7 mil crianças fizeram a perigosa viagem por mar. A maioria está alojada em instalações superlotadas e inseguras.

Refugiados e Migrantes

Os dados são do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, que prevê um aumento do número de refugiados e migrantes que chegam por via marítima à Grécia, ao longo dos próximos meses.

O coordenador nacional para os Refugiados e Resposta aos Migrantes da Grécia, Lucio Melandri, alerta que é necessário que “todos os refugiados e migrantes que vivem nos centros de recepção e identificação, especialmente as crianças, sejam transferidos para o continente, sem mais demora, para garantir alojamento adequado, proteção, assistência médica e outros serviços básicos".

Más condições

Segundo o Unicef, 80% refugiados e migrantes que vivem nas ilhas gregas,  estão instalados em centros de acolhimento e identificação insalúbres e sobrelotados.
Segundo o Unicef, 80% refugiados e migrantes que vivem nas ilhas gregas, estão instalados em centros de acolhimento e identificação insalúbres e sobrelotados., by Foto UNHCR/Markel Redondo

Segundo o Unicef, 80% dos 20,5 mil refugiados e migrantes que vivem atualmente nas ilhas gregas, incluindo mais de 5 mil crianças, estão instalados em centros de acolhimento e identificação insalubres e sobrelotados.

A lei grega prevê que os refugiados e migrantes devem passar um máximo de 25 dias nestes locais para concluir os procedimentos de chegada. Mas, algumas crianças acabam por passar mais de um ano, apesar dos muitos esforços das autoridades.

A situação expõe os menores a inúmeros riscos, onde o acesso a saneamento básico e higiene é inadequado. Em alguns casos, 70 pessoas utilizam a mesma instalação sanitária.

Trauma da guerra

O coordenador do Unicef para a Grécia conta que a maioria das crianças e jovens “lidou com o trauma da guerra e foi forçada a fugir de casa. Agora vivem em condições miseráveis, sem fim à vista. Muitos estão em grave sofrimento emocional ”, disse Melandri, que visitou os centros em Lesvos e Samos na semana passada.

Para além da transferência imediata de refugiados e migrantes das ilhas para a Grécia continental, o Unicef quer garantir a reinstalação das crianças e acelerar os procedimentos de reagrupamento familiar de outros Estados-membros da União Europeia.