Ébola: 155 crianças ficaram órfãs ou desacompanhadas na RD Congo

Unicef e parceiros atuam para tentar travar a doença; novo surto já vitimou 97 pessoas desde agosto; OMS alerta para o risco de novos casos noutras regiões.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, e os seus parceiros identificaram, até ao momento, 155 crianças que ficaram órfãs ou que estão agora desacompanhadas na sequência do último surto de ébola, no leste da República Democrática do Congo, RD Congo.
São crianças que perderam um ou ambos os pais ou um dos seus cuidadores, bem como aquelas que estão agora desacompanhadas enquanto os seus responsáveis estão isolados em centros de tratamento.
Estigmatização
Perante este cenário, o porta-voz do Fundo, Christophe Boulierac, alerta para a estigmatização destas crianças.
De acordo com o porta-voz, "as crianças que perderam um dos pais devido ao ébola correm o risco de serem estigmatizadas, isoladas ou abandonadas, além da experiência de perder um ente querido ou cuidador principal."
A assistência do Unicef às crianças órfãs e desacompanhadas" é ajustada para atender às necessidades específicas de cada um, uma vez que “um recém-nascido que perdeu a mãe tem necessidades diferentes de uma criança em idade escolar.
O apoio da agência a uma criança órfã ou desacompanhada inclui asistência psicológica, alimentar e reintegração na escola.”
Sensibilização
No terreno, estão 219 profissionais para para identificar rapidamente as necessidades específicas destas crianças nas regiões afetadas de Beni, Mangina, Makeke e Butembo.
O Unicef trabalha ainda na sensibilização de mais de 3 mil diretores de escolas e professores, em 326 escolas, para apoiar a reintegração das crianças afetadas pela doença.
Risco
A OMS sublinha que o risco de um novo surto é elevado e que pode alastrar-se a outras regiões congolesas.
A porta-voz da agência, Fadela Chaib, explica, a partir de Genebra, que os meios de controlo serão reforçados. A prioridade passa por fortalecer todos os componentes da resposta de saúde pública nas áreas afetadas, continuar a melhorar a resposta operacional e a sensibilização nas províncias que ainda não foram afetadas.
Segundo a OMS, até 18 de setembro, foram confirmados 143 casos de ébola, que resultaram em 97 mortes.