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Nações Unidas homenageiam Kofi Annan na sede em Nova Iorque

Assembleia Geral presta homenagem ao sétimo secretário-geral da ONU, Kofi Annan.
ONU/Kim Haughton
Assembleia Geral presta homenagem ao sétimo secretário-geral da ONU, Kofi Annan.

Nações Unidas homenageiam Kofi Annan na sede em Nova Iorque

Assuntos da ONU

Cerimônia na Assembleia Geral contou com presença de António Guterres, altos funcionários da ONU e família do ex-secretário-geral; ex-secretário geral Ban Ki-moon disse que o mundo se despede de um “líder monumental”.

As Nações Unidas homenagearam esta sexta-feira o ex-secretário-geral Kofi Annan, que chefiou a organização entre 1997 e 2006. Annan morreu a 18 de agosto aos 80 anos.

O tributo na Assembleia Geral começou com um vídeo, que lembrou um antigo discurso do sétimo chefe da organização. Seguiu-se um momento de música tradicional de Gana, país onde o ex-líder da ONU nasceu e foi sepultado este mês.

Conquistas

O atual secretário-geral foi um dos participantes. No seu discurso, António  Guterres disse que Annan era “carinhoso, acessível e pertencia às pessoas, mas acima de tudo tinha princípios e força para lutar pelos valores da Carta da ONU”.

O chefe da ONU disse que, desde a morte de Annan, muitos antigos colegas contaram histórias de como recebiam telefonemas, inesperados, perguntando como estavam e como estavam as suas famílias.

Guterres disse que, neste dia, “muitos sentem a mágoa profunda por perder, de forma súbita, um líder, mentor e guia tão amado”.

A família do ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan, reunida em torno da urna antes de seu funeral em Acra.
A família do ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan, reunida em torno da urna antes de seu funeral em Acra., by ONU News/Ben Malor.

O secretário-geral também lembrou algumas das conquistas de Kofi Annan. Segundo ele, a defesa pessoal que Annan fez de uma resposta global para a epidemia do VIH “levou a ações que salvaram milhões de vidas”.

Os  esforços de Annan pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio “uniram o mundo para erradicar a pobreza e abriram caminho para a Agenda 2030, a agenda ambiciosa de hoje para um mundo melhor.”

Exemplo

O secretário-geral disse que “a sua voz moral conduziu o mundo a descobertas importantes sobre a defesa de uma humanidade comum”. Com a sua vida, Anan pediu a todos que lutassem contra o preconceito, a brutalidade e o derramamento de sangue.

Guterres terminou dizendo que o ex-secretário-geral era "um verdadeiro multilateralista", alguém que acreditava numa ordem global baseada em regras. O chefe da ONU acredita que “os cortes desta perda são ainda mais profundos porque a sua fé e inspiração nunca foram tão necessárias”.

Homenagens

Além de Guterres, discursaram a atual presidente da Assembleia Geral, María Fernanda Espinosa, o ex-secretário-geral Ban Ki-moon, e vários representantes regionais e altos funcionários da ONU.

Espinosa disse que Annan “foi um grande secretário-geral porque percebeu que a paz não pode ser alcançada em isolamento”. Segundo ela, “o seu gênio residia na sua capacidade de juntar os Estados-membros num esforço comum para alcançar um objetivo”. 

Ban Ki-moon afirmou que a passagem dos anos vai continuar a mostrar que Kofi Annan era um “líder monumental”. Segundo ele, “a comunidade internacional estava continuamente impressionada com o seu apurado intelecto, comovida com a sua liderança e compaixão e encorajada pelo seu próspero idealismo”.

O secretário-geral António Guterres assina livro de condolências durante a cerimônia nas Nações Unidas em homenagem ao ex-secretário-geral Kofi Annan.
O secretário-geral António Guterres assina livro de condolências durante a cerimônia nas Nações Unidas em homenagem ao ex-secretário-geral Kofi Annan., by Foto: ONU/Manuel Elias

Família

No evento, falaram também a sua viúva, Nane Annan, um dos seus filhos, Kojo Annan, e alguns antigos colegas.

Nane Annan disse que o seu marido “tinha esta aura brilhante, de calor radiante e alegria de viver, que se podia, literalmente, sentir e criava um impacto nas pessoas junto dele e longe.”

Nane disse que Annan “viveu exatamente como queria, ao máximo, incluindo tanta vida nos 80 anos que viveu” e que o seu legado vai continuar através da sua fundação e de todos os que seguirem o seu exemplo.

Já Kojo Annan destacou que a morte do pai o fez refletir sobre vários temas, incluindo sobre o que significa ser um cidadão do mundo.

Kojo lembrou a história da sua família, que atravessa vários países e continentes, e disse que ser um cidadão global “é sobre abraçar completamente a humanidade comum de todos os cidadãos do mundo, é sobre ver potencial em qualquer pessoa e ajudar a construir um mundo em que tudo é possível para essa pessoa”.

Annan terminou dizendo que, com esse conhecimento, “todos podemos fazer um pouco por um mundo mais justo e pacifico, todos podemos tornar a paz uma questão pessoal”, em honra do  pai.

 

Acompanhe aqui, em inglês, o discurso completo de António Guterres: