Perspectiva Global Reportagens Humanas

A história por detrás do martelo da Assembleia Geral da ONU

Miroslav Lajčák, presidente da 72ª Assembleia Geral entrega o martelo a Maria Fernanda Espinosa Garcés, presidente eleita da 73ª Assembleia Geral
ONU news/ Manuel Elias
Miroslav Lajčák, presidente da 72ª Assembleia Geral entrega o martelo a Maria Fernanda Espinosa Garcés, presidente eleita da 73ª Assembleia Geral

A história por detrás do martelo da Assembleia Geral da ONU

Assuntos da ONU

Objeto oferecido pela Islândia, em 1952, cumpre várias funções; martelo original partiu-se em 1960 quando presidente tentava acalmar Khrushchev; martelo contém excerto de saga viking: “A sociedade tem de ser construída com base em leis"

A 73ª. Sessão da Assembleia Geral abre nesta terça-feira, em Nova Iorque, com o juramento da nova presidente da casa, a ex-ministra das Relações Exteriores do Equador, María Fernanda Espinosa.

Espinosa, que será a primeira latino-americana a presidir a Assembleia, substitui Miroslav Lajcak, da Eslováquia.

Resoluções

Mas uma ferramenta chama a atenção em todas as sessões da Assembleia Geral, um martelo que é usado para abrir, encerrar e selar pontos nas reuniões. O martelo foi dado à ONU pela Islândia, em 1952.

O objeto tem um papel muito importante para o funcionamento da reunião plenária da ONU: anuncia o início e o fim das sessões, a aprovação da agenda, a eleição de novos membros e a adoção de resoluções. Também tem como função pedir um momento de silêncio.

Todas as salas de conferências da sede da ONU dispõem de um martelo, mas apenas o da Assembleia Geral é esculpido em madeira avermelhada como previsto no design oferecido pela Islândia.

Acompanhe o momento do juramento de María Fernanda Espinosa: 

María Fernanda Espinosa faz juramento como presidente da Assembleia Geral

História

E o martelo parece ter sua própria história: o ex-embaixador da Islândia junto  da ONU, Hjálmar W. Hannesson, lembra que “em 1952, quando a sede da ONU foi inaugurada, o objeto foi entregue pelo embiaxador islândes na época, Thor Thors. Por isso, é conhecido como "martelo Thor " e serviu à Assembleia Geral da ONU durante oito anos.

Mas em 1960 partiu-se nas mãos do então presidente da casa, o irlandês Frederick Boland, quando este tentava acalmar o líder soviético, Nikita Khrushchev, que batia furiosamente com o seu sapato na mesa.

Depois deste incidente, várias delegações de países ofereceram um novo martelo ao presidente da Assembleia.

Mas a ONU decidiu pedir à Islândia um réplica do martelo partido que, ao contrário do original, levou meio século na Assembleia até desaparecer em 2005.

Sagas

A Assembleia Geral voltou a contatar a Islândia para obter um terceiro martelo. O país europeu decidiu então produzir um objeto mais robusto e com uma madeira especial para oferecer à casa.

O presente da Islândia contém um marca das sagas islandensas que daram do século 10, período durante o qual o país adotou o cristianismo, o que contribuiu para acabar com as lutas internas e para a unificação do país.

Um dos líderes da altura terá dito: “A sociedade tem de ser construída com base em leis” – é precisamente esta a frase que decora o martelo. – explica ainda o antigo representante permanente da Islândia junto da ONU, Hjálmar W. Hannesson.