Conselho de Segurança debate situação na Nicarágua com OEA e ONGs
Encontro contou com oposição de quatro membros do órgão: Bolívia, China, Etiópia e Rússia, que afirmaram que a questão nicaraguense não representa uma “ameaça à paz internacional”; para representante da Organização dos Estados Americanos, OEA, país está numa encruzilhada da qual dependem sua paz, democracia e futuro.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas reuniu-se, nesta quarta-feira, para discutir a situação política na Nicarágua. O encontro, sob presidência rotativa dos Estados Unidos, teve lugar apesar da oposição de quatro membros do Conselho: Bolívia, China, Etiópia e Rússia.
O chefe de gabinete da Organização dos Estados Americanos, OEA, Gonzalo Koncke, disse que a crise política e social na Nicarágua é motivo de preocupação. Ele ressaltou casos de violência, repressão, mortes, e disse que sua entidade está monitorando essa questão de perto.
Violações
Koncke lembrou que desde 18 de abril, 322 pessoas morreram. Os dados são da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Segundo o representante, as mortes foram causadas pela repressão e violência de grupos armados pró-governo em claras violações dos direitos humanos.
Koncke destacou que um informe de 22 de junho da Comissão indica que Nicarágua violou diversos direitos fundamentais de seus cidadãos e que suas conclusões desacreditam o governo.

Ele reiterou o posicionamento da OEA, defendendo que as soluções para a Nicarágua passam pela paz, verdade, justiça e democracia.
Sociedade Civil
Recentemente o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, disse que não haverá uma solução genuína para a Nicarágua se não for ouvida a voz de seu povo por “eleições livres, justas, democráticas e transparentes segundo os padrões interamericanos”.
Em representação da sociedade civil, discursou Feliz Maradiaga, que apontou “perseguições e ameaças de morte sofridas por defensores de direitos humanos e líderes religiosos, bem como detenções arbitrárias e tortura” de cidadãos.
Ele destacou que o país se está tornando em um país sem esperança.
O chanceler de Nicarágua, Denis Moncada, declarou que acreditava ser de “consenso no Conselho de Segurança que seu país não representa uma ameaça à paz e à segurança internacionais.”
Para o representante, a inclusão do país na reunião é uma “clara ingerência nos assuntos internos da Nicarágua e uma violação clara à Carta das Nações Unidas e do Direito Internacional”.
Compromissos
Para Moncada, a Nicarágua é um “fator de estabilidade, paz e segurança regional com nota positiva em importantes indicadores de desenvolvimento econômico, político, social, redução da pobreza, igualdade de gênero e segurança dos cidadãos.”
O representante disse que em relação aos direitos humanos, seu país respeita os compromissos com acordos e convenções que é membro, e que o Conselho de segurança “não é o órgão competente para se encarregar desse assunto”.
Ele reiterou o compromisso do seu governo e do povo “com a promoção do verdadeiro diálogo entre os nicaraguenses”.