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Retórica de altos dirigentes instiga crimes contra a humanidade no Burundi, diz Comissão

Conselho de Direitos Humanos, em Genebra.
Foto: ONU/Elma Okic
Conselho de Direitos Humanos, em Genebra.

Retórica de altos dirigentes instiga crimes contra a humanidade no Burundi, diz Comissão

Direitos humanos

Investigadores da ONU citam promoção de falta de respeito pelos direitos humanos; novo estudo destaca casos de  ódio e  violência defendidos pelas autoridades do país africano.

Um relatório apresentado nas Nações Unidas revela que ocorreram mais crimes contra a humanidade entre 2017 e 2018 no Burundi, instigados pela retórica de altos dirigentes que incluem o presidente Pierre Nkurunziza.

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No documento, a Comissão de Inquérito da ONU sobre o país destaca que as autoridades do país tentaram parar com suas atividades e recusaram cooperar com o grupo, criado pelo Conselho de Direitos Humanos em 2016.

Responsáveis

Os investigadores destacam que autoridades burundesas no mais alto nível foram responsáveis ​​por crimes contra a humanidade no ano passado.

Para o presidente da comissão de inquérito, Doudou Diène, é importante lembrar aos principais atores na crise do Burundi que estão no poder, que o mandato da comissão inclui a identificação dos responsáveis.

Ele disse que isso é uma questão central, porque deixa claro que o “relatório não é um exercício poético ou literário abstrato”, mas que o documento detalha as violações e tenta identificar os autores.

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Diéne disse haver motivos razoáveis ​​para acreditar que continuam a ser cometidos os crimes contra a humanidade no Burundi. Entre eles estão assassinatos, prisões ou outras privações severas de liberdade física, tortura, estupro e outras formas de violência sexual de gravidade comparável, e perseguição por motivos políticos.

Terceiro Mandato

A violência no Burundi começou no princípio de 2015 com protestos organizados na sequência do anúncio do presidente Pierre Nkurunziza de que pretendia concorrer ao terceiro mandato.

Refugiados do Burundi

Em maio deste ano, um referendo mudou a constituição permitindo que o atual chefe de Estado permaneça no poder até 2034.

Estima-se que centenas de pessoas morreram devido aos confrontos entre as forças de segurança e elementos da oposição. Cerca de 500 mil pessoas fugiram para os países vizinhos.

O relatório destaca que a falta de respeito aos direitos humanos continua sendo promovida em repetidos casos em que o ódio e a violência são defendidos pelas autoridades, que incluem o chefe de Estado e membros do partido Cndd-FDD.