Nicarágua: investigadores da ONU vão acompanhar situação de direitos humanos à distância
Governo pediu fim da missão de grupo de elementos dois meses após iniciarem funções no país; Escritório de Direitos Humanos fala de mais pessoas presas e acusadas de cometer crimes nas últimas semanas.
As Nações Unidas anunciaram esta terça-feira que os quatro investigadores do Escritório dos Direitos Humanos que deixaram a Nicarágua vão continuar monitorando a situação do país à distância.
O grupo saiu do país no sábado, porque o governo pediu o fim de sua missão que iniciou em 24 de junho. A situação no país poderá ser debatida esta quarta-feira no Conselho de Segurança.
Vítimas
Em nota, o escritório destaca que a decisão de continuar o trabalho vai de acordo com o “mandato global de promover e proteger os direitos humanos para todos”, e destaca ainda que o grupo continuará sendo “uma voz para as vítimas”.
O documento, emitido em Genebra, “lamenta profundamente” a decisão do Governo da Nicarágua de expulsar os investigadores, um dia após a publicação do relatório sobre violações e abusos cometidos desde abril.
O documento defende que a proteção das vítimas “é cada vez mais desafiadora” no país, devido ao acesso e à supervisão limitados da comunidade internacional.
Acusações
Mais pessoas e grupos foram presos e acusados de ter cometido crimes por estarem associados aos protestos nas últimas semanas, destaca a nota.
Nesse período, também ocorreram campanhas de difamação pelos meios de comunicação pró-governo, que incluíram chamar os manifestantes de “terroristas” e “golpistas”, ou ainda demissões injustificadas e ameaças generalizadas.
Apoio
O Escritório disse estar pronto para continuar a dar apoio à Nicarágua para que o país cumpra suas obrigações internacionais de direitos humanos, revelando que vai cooperar com os mecanismos regionais e a comunidade internacional.
O documento destaca ainda que o relatório e as suas recomendações são uma importante ferramenta para ajudar o país a superar a atual crise política e social, reforçar suas instituições, ajudar a buscar a verdade e na prestação de contas.