Na China, Guterres diz que ONU prioriza desenvolvimento e globalização justa
Secretário-geral discursou no Fórum de Cooperação China-África, que termina nesta segunda-feira em Pequim, capital chinesa; chefe das Nações Unidas elogiou redução “sem precedentes” da pobreza no país, e disse que a África abriga algumas das economias mais dinâmicas do mundo.
Um modelo de desenvolvimento onde ninguém é esquecido, uma globalização justa, multilateral e baseada num sistema de regras de relações internacionais.
Foi assim que o secretário-geral da ONU definiu o Fórum de Cooperação China-África, encerrado nesta segunda-feira em Pequim, capital da China.
Redução da pobreza
António Guterres foi convidado a discursar no evento que reúne a China e os países africanos desde 2000, quando o Fórum foi criado.
O secretário-geral destacou os avanços para o desenvolvimento feitos pela China, nos últimos anos, e o que classificou de uma redução da pobreza, sem precendentes, no país. Ao falar da África, Guterres lembrou que o continente abriga algumas das economias mais dinâmicas do globo e que também tem feito avanços nos últimos anos.
Para o chefe da ONU, a cooperação da China com a África é um potencial para a paz duradoura e o progresso equitativo que podem beneficiar toda a humanidade.
Ele lembrou que a colaboração de ambas as partes tem crescido com base na Agenda 2030, de desenvolvimento sustentável e na Agenda 2063 da União Africana.
Infraestrutura
António Guterres citou cinco áreas cruciais para o sucesso da empreitada.
A primeira refere-se ao reforço das bases do progesso africano, que deve ser uma parceria sustentável, boa para o meio ambiente e inclusiva.
Para isso, ele cita que o apoio financeiro e tecnológico é vital para melhorar a infraestrurura dos paísesa africanos.
Uma outra preocupação é a capacidade do comércio africano para que o continente possa concretizar uma área de livre comércio, assim como a criação de um banco de dados.
Em segundo, o chefe da ONU afirma que o desenvolvimento tem de ser liderado pela África e seus países e citou a cooperação da ONU com a União Áfricana na área de paz e segurança.
Ganhos
Para Guterres, a parceria China-África ecoa esta abordagem participativa ao criar não somente ganhos imediatos mais de largo prazo. Segundo a ONU, é preciso investir em educação e oportunidades de emprego para os jovens africanos de forma igual entre meninas e meninos.
Em terceiro lugar, o secretário-geral aposta no aprofundamento da Cooperação Sul-Sul. Ele disse contar com o apoio à Cimeira da ONU sobre o tema, marcada para 2019 em Buenos Aires, Argentina.
Para Guterres, a Cooperação Sul-Sul é fundamental para uma globalização justa. Ele lembrou que mesmo com esse engajamento é preciso manter o compromisso Norte-Sul principalmente nos termos da Agenda de Addis Abeba, de finaciamento ao desenvolvimento.
Como quarto ponto, Guterres abordou a promoção de políticas fiscais sustentáveis.
Ele destacou o trabalho das Nações Unidas nos países africanos, que reúne agências e fundos na chamada Equipe País.
Pleno potencial
Segundo Guterres, essas equipes estão comprometidas em apoiar os países africanos a usarem seu pleno potencial de cooperação com a China.
O secretário-geral acredita que é crucial que se apoie a África a preservar e criar um espaço fiscal para investimentos.
Ele citou a necessidade de um esforço global para combater evasão fiscal, lavagem de dinheiro e fluxos ilícitos para apoiar o compromisso africano de combate à corrupção, como foi decidido na Cimeira da União Africana em janeiro.
Em quinto lugar, Guterres falou da ameaça da mudança climática.
Para ele, o desenvolvimento sustentável e amigo do meio ambiente é vital para o futuro da China, da África e do mundo. Um ponto que havia sido realçado pelo presidente da China Xi Jinping.
Mudanças climáticas
Guterres lembrou que a degradação ambiental e as mudanças climáticas são riscos para países frágeis e regiões vulneráveis.
Ao citar a China como uma líder global em soluções para o clima, Guterres afirmou que é importante que estes avanços sejam compartilhados com a África para que o continente possa crescer de forma ambiental, uma vez que a África não tem grande participação em impactos ambientais.
Para o chefe das Nações Unidas a Cimeira de Cooperação China-África é um caso de ganho para ambas as partes, que é cada vez mais necessário nas cooperações internacionais.
E a ONU continuará apoiando iniciativas como essa assim como a Cooperação Sul-Sul.
Ainda na China, Guterres se reuniu com funcionários da ONU em Pequim e concedeu uma entrevista à rede de TV chinesa CCTV.