Em Dia Internacional, ONU quer maior consciência sobre tráfico de escravos e sua abolição

Unesco lembra que tráfico e escravidão ressurgem com frequência; data marca revolta de escravos na ilha de São Domingos, o início de uma guerra que levou à independência do Haiti.
A ONU observa esta quinta-feira o Dia Internacional em Memória da Escravatura e sua Abolição.
A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, pediu a autoridades, à sociedade civil, a acadêmicos e cidadãos de todo o mundo que aumentem sua consciência e se oponham a todas as formas de escravidão.
A diretora-geral da agência, Audrey Azoulay, lembra que foi na noite de 22 para 23 de agosto de 1791 que começou a revolta de escravos a oeste da então colônia francesa de São Domingos.
Seguiu-se a guerra que, em 1804, culminou na independência da parte ocidental da ilha que passou a se chamar Haiti. Segundo a chefe da Unesco, esses eventos levaram ao reconhecimento da igualdade de direitos de todos os seus habitantes.
Azoulay destaca que a onda de choque causada pelo acontecimento histórico contribuiu de grande maneira para o movimento de abolição e o desmantelamento da escravidão naquele século.
A representante destaca que foi o caráter universal dessa luta pela liberdade e dignidade conduzida pelos escravos de São Domingos que levou a estabelecer a celebração da data desde 1998.
A comemoração neste ano de 2018 é para a Unesco “uma oportunidade ideal para aprofundar a reflexão sobre o legado da história da escravidão e a necessidade de se explorar sua memória”.
Para a Unesco, o Dia também ajuda na proteção contra preconceitos raciais que foram desenvolvidos para justificar a escravidão e a continuar alimentando o racismo e a discriminação contra pessoas de ascendência africana.
A Unesco lembra que o tráfico e a escravidão foram reconhecidos pela comunidade internacional como crimes contra a humanidade em 2001. Mas destaca que esses problemas ressurgem em intervalos regulares em diferentes formas e lugares.
Para a agência, é essencial conhecer melhor a história do tráfico de escravos e da escravidão para entender melhor o surgimento de novas formas de escravidão e preveni-las.
Em 1994, a agência lançou o Projeto Rota do Escravo que permitiu identificar as questões éticas, culturais e sociopolíticas dessa história.
A iniciativa aborda temas como história, memória, criatividade, educação e património. A meta é ajudar a enriquecer o conhecimento sobre o tráfico de escravos e difundir a cultura de paz.