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Unicef: investimentos em educação de rohingyas necessários para evitar “geração perdida”

Menino carrega bambu em Cox's Bazar, no Bangladesh.
Unicef/Patrick Brown
Menino carrega bambu em Cox's Bazar, no Bangladesh.

Unicef: investimentos em educação de rohingyas necessários para evitar “geração perdida”

Paz e segurança

Após um ano do êxodo de Mianmar para Bangladesh por causa da onda de violência, agência analisa futuro de mais de 500 mil crianças refugiadas.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, divulgou um relatório alertando sobre o futuro de mais de 500 mil crianças rohingya, refugiadas no sul de Bangladesh.

De acordo com a agência, elas estão tendo o direito à educação negado após deixarem o país vizinho, Mianmar, por causa da onda de violência.

Desespero

Para o Unicef, será preciso haver, urgentemente, um esforço internacional coordenado para evitar que estas crianças caiam no desespero ou frustração com a situação.

A divulgação do relatório, nesta quinta-feira, coincide com o aniversário de um ano da saída em massa dos rohingyas de Mianmar em direção ao país vizinho, Bangladesh, em busca de segurança.

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No acampamento de Cox’s Bazar, as crianças vivem em condições precárias com poucas oportunidades de estudo e sem terem a menor ideia sobre quando vão retornar à casa.

Habilidades

O representante do Unicef em Bangladesh, Edouard Beigbeder, disse que se não houver uma ajuda internacional maciça agora, o mundo correrá o risco de ver uma geração inteira perdida, com crianças que não terão as habilidades necessárias para lidar com a situação e contribuir com a sociedade quando voltarem a Mianmar.

Até julho deste ano, 140 mil crianças rohingya haviam sido matriculadas em 1,2 mil centros de aprendizado que operam dentro do campo. Mas o sistema não tem um currículo escolar, as salas de aula estão lotadas e falta água no local.

O relatório do Unicef mencionada que novos parâmetros de ensino que possam oferecer às crianças uma educação de alta qualidade incluindo alfabetização, conhecimentos de línguas e de matemática assim como habilidades necessárias para a vida estão sendo desenvolvidos.

Para a agência da ONU, a comunidade internacional tem que investir no apoio às crianças refugiadas especialmente as meninas e adolescentes.

Acesso

Crianças rohingya em Cox's Bazar, Bangladesh, durante a época das monções.
Crianças rohingya em Cox's Bazar, Bangladesh, durante a época das monções. , by Unicef/UN0213967/Sokol

O Unicef também pediu ao governo de Mianmar que assegure que o estado de Rakhine, que ainda abriga mais de 500 mil crianças rohingya, que as crianças de todas as comunidades possam ter acesso ao ensino pré-primário e de primeiro grau.

O Unicef também pediu ao governo que ofereça proteção às crianças e crie as condições para que os refugiados rohingya possam fazer um retorno voluntário, seguro e digno.

A agência da ONU está no terreno no sul de Bangladesh desde o início da crise como parte de uma coalizão de agências nacionais e internacionais. A agência já pediu US$ 28,2 milhões para realizar os projetos de educação com crianças rohingya, mas apenas metade deste valor foi entregue até agora.