Obituário: Kofi Annan BR

Ex-secretário-geral da ONU e Prêmio Nobel da Paz morreu neste 18 de agosto, aos 80 anos de idade, na Suíça; ele dirigiu as Nações Unidas de 1997 a 2006 quando foi substituído pelo sul-coreano, Ban Ki-moon; Annan deixa a esposa Nane e três filhos.
Kofi Annan nasceu em 8 de abril de 1938.
Estudou Economia em Minnesota, nos Estados Unidos, após passar pela Universidade de Ciência e Tecnologia, em Gana, seu país natal.
Em 1962, Annan mudou-se para a Suíça para uma pós-graduação em Estudos Internacionais, e concluiu um mestrado no prestigioso MIT, dos Estados Unidos.
Sua carreira nas Nações Unidas durou 45 anos. Ele foi o único funcionário da ONU a ser eleito secretário-geral. Na época, observou-se que ele também era o primeiro aficano negro a chegar ao posto.
A morte de Annan, neste sábado, está sendo lamentada por líderes internacionais em todo o mundo incluindo o atual secretário-geral, António Guterres. Muitos diziam que o ex-secretário-geral tinha uma postura de chefe de Estado e habilidades na diplomacia como ninguém.
Annan assumiu o posto em 1997 e ficou os dois mandatos possíveis, até 2006. No fim do primeiro mandato, ele recebeu o Prêmio Nobel da Paz, que partilhou com a ONU "pelo trabalho em prol de um mundo melhor organizado e mais pacífico".
Os esforços de Annan para combater o HIV/Aids também foram citados. Foi durante a liderança dele na organização, que a ONU lançou os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, uma agenda para erradicar males socioeconômicos e ambientais até 2015, e que obteve ganhos reais na diminuição da pobreza e da fome do mundo além de outros sucessos.
Ao entrar para esse cargo, Annan teve como uma das suas principais apostas reforçar a atuação da Organização em áreas como desenvolvimento e manutenção da paz e segurança internacionais. Uma área que ele conheceu bem quando foi secretário-geral assistente e depois subsecretário-geral.
Ao assumir o cargo máximo na ONU, sob aplausos de colegas e funcionários, ele disse que aquele era o dia mais importante de sua vida. E que se sentia como se estivesse acabado de chegar à escola, pelo primeiro dia.
Ele prometeu revitalizar a organização através de um programa abrangente de reformas, encorajar e defender os direitos humanos, o Estado de direito e os valores universais de igualdade, tolerância e dignidade humana, segundo a Carta das Nações Unidas.
Entre as maiores convicções de Kofi Annan estavam restaurar a confiança do público na organização, alcançando novos parceiros e, em suas palavras, "aproximando as Nações Unidas do povo".
Para Annan, um dos momentos que marcaram essa harmonia global foi o apoio da ONU ao processo que culminou com a declaração da soberania de Timor-Leste.
Na celebração da independência do país lusófono, em 2002, o então secretário-geral considerou o momento “único, porque nunca antes o mundo se tinha unido com decisão tão forme para ajudar uma pequena nação a se estabelecer”.
Na ONU, ele teve vários cargos até chegar ao topo da organização, na sede em Nova Iorque: trabalhou na Comissão Econômica das Nações Unidas para a África e no Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.
Kofi Annan também liderou o planejamento de programas, do orçamento e das finanças e controle, e atuou para repatriar mais de 900 funcionários internacionais além de libertar reféns ocidentais do Iraque, após a guerra do Kuwait iniciada em 1990.
Nesse cenário, liderou a primeira equipe das Nações Unidas que negociou com as autoridades de Bagdá a venda de petróleo para financiar a ajuda humanitária.
Antes de ser nomeado secretário-geral, ele serviu como secretário-geral assistente para operações de manutenção da paz, entre 1993 e 1994. Depois, Kofi Annan foi subsecretário-geral da área em diferentes períodos até 1996 quando houve um crescimento sem precedentes do tipo de operações.
No auge dessa liderança, em 1995, foram enviados quase 70 mil militares e civis de 77 países. Neste cargo, Annan teve que lidar com o genocídios de Ruanda e o massacre Srebrenica, e as críticas que recebeu. Mais tarde, ele afirmou que foram situações que “moldaram o seu pensamento global”.
Até pouco antes da morte, Annan estava ainda ativo para apoiar a busca de soluções para conflitos como parte dos Elders, um grupo de líderes e ativistas globais formado por Nelson Mandela, ao qual se juntou em 2007 e presidiu em 2013.
Annan foi o primeiro enviado especial da ONU para a Síria, estando na frente de esforços em busca de uma solução pacífica para o conflito com um plano de seis pontos. O processo foi percursor do atual Comunicado de Genebra.
O ex-secretário-geral partilhava objetivos em prol da paz dirigindo a Fundação Kofi Annan com ações como contatos com políticos e outros setores para promover a paz, o desenvolvimento e os direitos humanos.
Annan deixa a esposa, Nane Annan, e três filhos.