Milhares de refugiados rohingya estão em risco de tráfico humano
Nos últimos 10 meses, 78 vítimas foram identificadas nos assentamentos de refugiados de Cox’s Bazar, mas a Organização Internacional para Migrações, OIM, diz que o número de pessoas afetada é muito maior.
Milhares de refugiados rohingya correm risco de ser vítimas de tráfico humano, avisaram especialistas da Organização Internacional para Migrações, OIM.
O alerta foi feito na segunda-feira num encontro em Cox’s Bazar, no Bangladesh, que reuniu membros do governo, representantes militares e funcionários da OIM para marcar o Dia Mundial contra o Tráfico de Pessoas.
Colaboração
Nos últimos 10 meses, a agência da ONU identificou e apoiou 78 vítimas de tráfico humano em Cox’s Bazar. A agência explica que, devido à natureza complexa deste crime, este número representa apenas uma fração das pessoas traficadas durante este período.
O coordenador humanitário da OIM no Bangladesh, Manuel Pereira, disse que “a possibilidade horrível de que milhares de pessoas afetadas pela crise dos rohingya acabem na mão de traficantes é um risco que não pode ser subestimado”.
Os especialistas da OIM acreditam que esta ameaça apenas pode ser combatida se as autoridades do Estado, as comunidades de acolhimento e as agências locais e internacionais cooperarem.
Assista ao vídeo gravado pela equipe da OIM para a ONU News:
Manuel Pereira afirmou que “também é preciso apoio da comunidade global para assegurar que existe o financiamento necessário para evitar que mais pessoas se tornem vítimas deste crime terrível".
Crise
Segundo a ONU, em menos de um ano, o número de refugiados rohingya na região chegou a perto de 1 milhão. A organização acredita que a chegada de tantas pessoas criou uma oportunidade para os traficantes.
A OIM é a principal agência humanitária combatendo o tráfico em Cox’s Bazar, tendo lançado um programa sobre o assunto em setembro de 2017, semanas depois do começo da chegada destes refugiados.
O diretor-geral da OIM, William Lacy Swing, descreveu este crime como “tão penetrante que apenas pode ser parado com uma abordagem global e direta”.
A OIM explica que estes traficantes usam métodos sofisticados para captar as suas vítimas. Sem métodos de subsistência, as pessoas acabam tornando-se vítimas enquanto procuram trabalho. Meninas e mulheres estão em maior risco de tráfico sexual.
A agência da ONU está usando uma estratégia de proteção, prevenção e punição. Além de um programa de identificação e proteção de sobreviventes, que inclui assistência legal, está formando 250 membros da comunidade humanitária sobre o assunto.
Mais de 500 sessões de informação estão sendo realizadas nos assentamentos. Como a maioria destes refugiados não sabe ler ou escrever, três histórias de desenhos animados foram produzidas para ilustrar os seus perigos.