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ONU aposta na força jovem para derrotar vírus da Aids até 2030

Michel Sidibé e ativistas de combate ao HIV/Aids em Paris.
Unaids/Laurence Geai.
Michel Sidibé e ativistas de combate ao HIV/Aids em Paris.

ONU aposta na força jovem para derrotar vírus da Aids até 2030

Saúde

Chefe do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids, Unaids, conversou com mais de 200 ativistas jovens antes da abertura da Conferência Internacional sobre Aids, que ocorre em Amsterdã; Michel Sidibé acredita que a erradicação do HIV passa pela liderança da juventude.

A 22ª. Conferência Internacional sobre Aids começou em Amsterdã, na Holanda, pedindo o apoio da juventude para zerar  o número de novas infecções com HIV no mundo.

Num evento no sábado, para mais de 200 ativistas jovens, o chefe do  Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids, Unaids, afirmou que é preciso remover barreiras para vencer estigmas e a ignorância com relação ao vírus da Aids.

Sexualidade

Uma outra preocupação, segundo Michel Sidibé, é com a falta de informação dos jovens mesmo numa era de redes sociais. Atualmente, 36,9 milhões de pessoas vivem com o HIV.

O tema da Conferência na Holanda é “Quebrando Barreiras, Construindo Pontes”.

Michel Sidibé, diretor-executivo do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV e Aida, Unaids.
Michel Sidibé, diretor-executivo do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV e Aida, Unaids., by UN Photo/Mark Garten

Sidibé afirmou que os jovens não podem e não devem aceitar gravidez na adolescência, políticas públicas ruins, falta de educação sobre sexualidade, de serviços médicos, e os estigmas que impedem o combate e a prevenção ao HIV.

O chefe do Unaids disse acreditar que os jovens são criativos e têm uma tremenda capacidade de se comunicar e por isso é preciso contar com eles na luta contra o HIV.

Melhor amigo

Sidibé disse ainda que os jovens não podem abrir mão dos preservativos para sua própria proteção e que devem disseminar essa mensagem entre seus pares utilizando também as redes sociais.

Ele terminou a participação no evento com uma sessão de perguntas e respostas com os jovens ativistas. Um deles afir

mou que existe uma tendência de não se falar sobre o HIV a não ser com o “melhor amigo”. Segundo o ativista, o teste de HIV também não é comentado como outros testes de saúde como o de câncer, por exemplo, por causa do preconceito e do tabu, que ainda existem sobre o tema.

Para Sidibé, a falta de informação e a proliferação de ideias pré-concebidas partem de uma falta de educação sobre sexualidade. Para ele, chegar a este debate com a idade de 18 anos já é muito tarde para os indivíduos.

O líder do Unaids lembrou que  90% das novas infecções ocorrem pelo sexo desprotegido.

Teste de HIV

O chefe da agência da ONU ressaltou ainda que, em muitos países, é preciso obter uma autorização legal para realizar o teste de HIV, e esta é uma situação que deve mudar.

Uma das participantes afirmou que o tema sexo está em todas as partes, mas uma conversa útil sobre o tema da sexualidade ainda precisa se tornar mais frequente. Uma outra  jovem lembrou que os serviços universais de saúde são importantes na hora de realizar o teste de HIV, que em alguns países têm de ser pagos.

Um dos jovens no auditório perguntou sobre o financiamento para se alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e como a luta contra o HIV pode ser apoiada pelos doadores.

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Beneficiário passivo

Michel Sidibé disse acreditar numa grande parceria de políticas públicas, autoridades e da liderança jovem para melhorar a situação da informação e dos serviços para os jovens.

Ele lembrou que o Unaids é única organização no mundo que tem a sociedade civil na sua diretoria e que coopera com o setor privado e os Estados-membros para combater o vírus e não deixar ninguém pra trás.

Sidibé disse ainda que a maioria da juventude, hoje em dia, quer se envolver no processo de decisão e não ser apenas um beneficiário passivo das deciões que são tomadas por outros.

O chefe do Unaids afirmou que é preciso investir na juventude para acabar com o HIV. Segundo ele, não se erradicará a doença com burocratas e acadêmicos, mas sim com os jovens.

Apresentação: Monica Grayley.