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Chefe dos Direitos Humanos alerta sobre situação “extremamente frágil” na Faixa de Gaza BR

Zeid Al-Hussein. Foto: ONU/Jean-Marc Ferré

Chefe dos Direitos Humanos alerta sobre situação “extremamente frágil” na Faixa de Gaza

Paz e segurança

Zeid Al Hussein quer que envolvidos nos confrontos e partes com influência no processo façam o máximo para evitar um novo surto de violência; alto comissário alerta que restrições à sociedade civil por Israel e Autoridades Palestinas atacam direitos fundamentais.

O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos falou esta segunda-feira em Genebra sobre a situação nos Territórios Palestinos, incluindo a crise na Faixa de Gaza.

Na Comissão sobre os Direitos do Povo Palestino, Zeid Al Hussein destacou os esforços do Egito e da ONU que resultaram num cessar-fogo, mas avisou aos participantes que “a situação continua extremamente frágil”.

“Violência e Desgraça”

O chefe de direitos humanos pediu às partes envolvidas nos confrontos que façam “o máximo para evitar um novo surto de violência e de desgraça”.

O representante lembrou que por duas vezes nas últimas duas semanas ocorreu “o mais pesado fogo cruzado entre as forças de Israel e grupos armados em Gaza, desde a escalada de confrontos em 2014”. Há três dias, a situação “quase explodiu para um sério conflito”, após o assassinato de um soldado israelense e quatro civis palestinos.

Violência impacta o bem-estar de crianças e de professores da Faixa de Gaza.
Violência impacta o bem-estar de crianças e de professores da Faixa de Gaza., by Unicef/UN032401/El Baba

O chefe de direitos humanos confirmou pelo menos 28 ataques aéreos, com mais de 50 mísseis lançados pelas forças de segurança de Israel no fim de semana de 14 de julho. Duas crianças palestinas morreram e 35 pessoas ficaram feridas nesses ataques.

Outros 184 foguetes e morteiros foram disparados por grupos armados palestinos, que feriram três cidadãos de Israel. O alto comissário enfatizou que grupos palestinos também usaram papagaios incendiários e balões.

Zeid lembrou que “qualquer uso desproporcional ou indiscriminado de armas, que matam ou ferem civis, é proibido pelo direito internacional humanitário”.

“Horizonte Sombrio”

Ele chamou atenção para as privações criadas pelos frequentes episódios de violência contra palestinos que pioram a crise humanitária em Gaza, aumentam o desemprego e a pobreza de forma drástica, danificam a infraestrutura e criam uma dependência alimentar recorde e um sombrio horizonte político. 

Menino no campo de refugiados de Jabalia, o maior da Faixa de Gaza

O representante lembrou as ações dos membros das forças de segurança israelenses nas manifestações ocorridas desde 30 de março ao longo da cerca de Gaza, que provocaram a morte de mais de 100 palestinos, incluindo 17 crianças. Mais de 4,1 mil foram feridos com munição real nessas ações.

Para o alto comissário, é essencial que as autoridades cooperem com a futura Comissão que está sendo criada para avançar com a responsabilização por esses assassinatos. O grupo foi criado pelo Conselho de Direitos Humanos e deve apresentar um informe preliminar em setembro.

Zeid quer que sejam esclarecidas questões como supostas violações e abusos do direito internacional humanitário e dos direitos humanos.

Assentamentos

Na semana passada, Israel aprovou a Lei do Estado da nação. Para o alto comissário, essa legislação pode inflamar ainda mais as tensões pelo que chama de “discriminação a comunidades não-judaicas, principalmente cidadãos árabes de Israel e residentes da Jerusalém Oriental”.

O chefe dos direitos humanos disse que ainda não parou a aprovação, o planejamento e a construção de assentamentos israelenses na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental.

Zeid também quer que seja formalizada a acusação ou libertação de 440 palestinos em “detenção administrativa” por Israel. Ele disse que ocorrem restrições à sociedade civil impostas pelas autoridades de Israel e Palestinas.

Para o alto comissário, essas ações atacam os direitos fundamentais e diminuem a confiança nas instituições e estruturas sociais para resolver disputas de forma pacífica e criam um potencial de confronto com potenciais efeitos graves e imprevisíveis.

Apresentação: Daniela Gross.