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Enviado do secretário-geral diz a Conselho de Segurança que Líbia está em declínio

Migrantes num centro de detenção em Tripoli, na Líbia.
Unicef/Alessio Romenzi
Migrantes num centro de detenção em Tripoli, na Líbia.

Enviado do secretário-geral diz a Conselho de Segurança que Líbia está em declínio

Paz e segurança

Órgão da ONU debateu situação no país africano esta segunda-feira; violência aumentou nos últimos dois meses; preparação para eleições no final do ano decorre rapidamente. 

O enviado do secretário-geral da ONU à Líbia, Ghassan Salamé, disse esta segunda-feira ao Conselho de Segurança que “o país está realmente em declínio”.

Salamé afirmou que os últimos dois meses foram marcados por episódios violentos. Segundo ele, “o progresso político está ligado à ausência de atividade militar no terreno”.

Crise

O enviado disse que isso acontece “num país onde se escondem terroristas, criminosos traficam migrantes, os mercenários estrangeiros aumentam e a indústria do petróleo está sob risco”. Ele acredita que “todos devem estar preocupados”.

O enviado do secretário-geral da ONU à Líbia, Ghassan Salamé.
O enviado do secretário-geral da ONU à Líbia, Ghassan Salamé. , by ONU

Salamé também se referiu à crise na região Óleo Crescente, onde forças rebeldes conquistaram controle sobre instalações de produção de petróleo, que perderam mais tarde para forças do governo. Os confrontos causaram vários mortos e feridos.

Salamé acredita que este episódio “deu um vislumbre do que pode acontecer se progresso concreto não for conseguido neste momento”. Segundo ele, pode esperar-se um colapso econômico, falha total de serviços públicos e episódios de violência mais frequentes e intensos.

Participação

O país continua a planear eleições para o final do ano. Salamé informou que “os preparativos técnicos estão a acontecer e que a agenda avança”.

Apenas 600 mil pessoas votaram em 2014 para a Câmara dos Representantes, mas cerca de 1 milhão de novos eleitores já se recensearam para este ano.

Salamé acredita que os líbios querem eliminar a “colcha de retalhos de instituições” que governa o país, mas que “sem as condições certas, não faz sentido realizar eleições”.

O enviado diz que “algumas pessoas desafiam o desejo popular” de mudança. Segundo ele, esses indivíduos “beneficiam da situação atual e, infelizmente, podem fazer muito para a manter, porque têm posições oficiais centrais e muitas vezes lucrativas”.

Salamé acredita que “sem mensagens claras e fortes da comunidade internacional contra essas pessoas, as condições para as eleições não serão cumpridas”.

O enviado também deu novas informações sobre o Processo de Conferência Nacional, que procurou ouvir o povo líbio sobre o futuro do país. Salamé diz que mais de 7 mil pessoas participaram diretamente, 25% delas mulheres, e que foram recolhidos mais 500 mil comentários nas redes sociais.

Eleições

O enviado especial também se referiu ao processo de aprovação de uma nova constituição. Segundo ele, “uma base constitucional é necessária para chegar às eleições e terminar a transição”.

Salamé reuniu-se recentemente com o presidente da Câmara dos Representantes. No encontro, o presidente prometeu agendar uma votação para marcar um referendo sobre a constituição nas próximas duas semanas.

O enviado da ONU avisou que “os líbios estão exigindo eleições e ficando impacientes com aqueles que encontram múltiplas formas e meios de adiar este momento. ”

O enviado explicou, no entanto, que “muitos querem um referendo sobre a atual proposta de constituição, enquanto outros recusam o texto completamente”. Segundo ele, este “é um assunto complexo sem solução simples”.

 

Apresentação: Alexandre Soares.