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Mali enfrenta aumento "alarmante" de violações de direitos, alerta especialista da ONU

Forças da Minusma em Menaka.
ONU/Marco Dormino
Forças da Minusma em Menaka.

Mali enfrenta aumento "alarmante" de violações de direitos, alerta especialista da ONU

Paz e segurança

Um relator de direitos humanos das Nações Unidas descreveu na quarta-feira uma deterioração da segurança, direitos humanos e situação humanitária nas áreas norte e leste do país.

O Mali enfrenta uma deterioração "alarmante" da segurança, dos direitos humanos e da situação humanitária, avisou na quarta-feira um especialista em direitos humanos da ONU*.

Os comentários de Alioune Tine seguem-se a dois ataques mortais nos últimos dias contra forças internacionais, incluindo um ataque suicida em Gao, que deixou pelo menos dois civis mortos e mais de 15 feridos.

Ataques

Em Menaka, a leste, mais de 120 pessoas foram supostamente assassinadas em um período de três semanas em abril e maio, afirmou Tine.

Segundo ele, os extremistas violentos aproveitaram-se da falta de serviços básicos “para explorar comunidades e colocar uns contra os outros ”.

Alguns ataques foram atribuídos a grupos armados, incluindo o Movimento de Salvação de Azawad e o Grupo de Autodefesa e Aliados de Touareg, disse o especialista.

Deslocamentos

Além da insegurança, que incluiu sequestros e assassinatos, várias comunidades foram deslocadas e mais de 650 escolas foram forçadas a fechar nas regiões centro e norte, afetando cerca de 200 mil crianças.

Houve também um número crescente de alegações de “graves violações dos direitos humanos” contra as forças armadas malianas, afirmou Tine.

O relator está preocupado com operações antiterroristas “que não respeitam os padrões internacionais de direitos humanos”.

Em um apelo ao governo do Mali para levar os responsáveis por estas violações à justiça, Tine destacou uma “presença estatal muito limitada” em algumas áreas  e “absolutamente ausente” em outras.

Emergência

Sobre a situação humanitária na região central, o especialista informou que "está piorando" e que 4,1 milhões de pessoas precisam de ajuda alimentar.

O número de pessoas que sofrem de desnutrição aguda grave deve aumentar de 163 mil no ano passado para mais de um quarto de milhão em 2018, incluindo 11 mil crianças com menos de cinco anos.

Alioune Tine terminou dizendo que "esta é uma emergência para a qual não podemos fechar nossos olhos".

 

*Os relatores de direitos humanos são especialistas independentes e não recebem pagamento pelo trabalho realizado com o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.

 

Apresentação: Alexandre Soares