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Chefe de direitos humanos afirma que continuam violações contra rohingya

Refugiados rohingya em Cox's Bazar, em Bangladesh.
K M Asad/ ONU
Refugiados rohingya em Cox's Bazar, em Bangladesh.

Chefe de direitos humanos afirma que continuam violações contra rohingya

Migrantes e refugiados

Refugiados recentemente chegados ao Bangladesh relatam casos de violência a perseguição; Zeid Al Hussein diz que sinceridade de governo de Mianmar não vai ser medida pelo número de acordos assinados.

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Al Hussein, disse esta quarta-feira que continuam a decorrer violações contra o povo rohingya em Mianmar.

Zeid discursou no Conselho de Direitos Humanos, em Genebra, na Suíça, dizendo que novos refugiados descrevem situações de violência e perseguição, incluindo assassinatos e a queima de casas.

Acordos

No seu discurso, Zeid afirmou que "nenhuma quantidade de retórica pode disfarçar estes factos”.

O dirigente diz que, nos últimos meses, Mianmar tentou provar que não está envolvido numa “campanha de limpeza étnica” e que “tentou convencer o mundo de que está pronto e disposto a permitir o regresso dos refugiados”.

Alto comissário da ONU para Direitos Humanos, Zeid Al Hussein.

Mianmar também assinou acordos e memorandos de entendimento sobre este tema com o governo do Bangladesh, a Agência de Refugiados das Nações Unidas, Acnur, e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud.

Violações

Apesar desses acordos, Zeid diz que “muitos refugiados que tentaram regressar, se não todos, foram detidos”.

Ele dá o exemplo de 58 rohingya que regressaram entre janeiro e abril, sendo presos e depois condenados com base em questões não relacionadas. Outras 90 pessoas que tentavam chegar à Malásia de barco também foram detidas.

Mais de 700 mil rohingya saíram de Mianmar desde agosto do ano passado. Embora o fluxo tenha reduzido desde os primeiros meses, este ano já chegaram 11,432 pessoas a Bangladesh.  

Zeid partilhou a história de uma mulher que fugiu depois de soldados queimarem várias casas na sua aldeia e matarem moradores, e de um homem que disse que os militares tinham levado o seu pai. Falou também de várias pessoas que relatam desaparecimentos e de outras que ficaram sem dinheiro depois de pagar os subornos pedidos no estado de Rakhine.

O alto comissário terminou dizendo que “a sinceridade de Mianmar não vai ser medida pelo número de acordo que assina, mas pelo reconhecimento de que os rohingya são cidadãos, com o mesmos direitos que os outros cidadãos, incluindo direito à vida e segurança”.  

Apresentação: Alexandre Soares