Comissão Africana acredita que ferrovia vai ser transporte preferido em África
Custo e fragilidade de muitas economias africanas tornam necessário novos modelos de investimento público como parcerias público-privadas; Zona de Livre Comércio Continental em África, lançada em março, deve criar muita procura por transportes deste tipo.
A secretária-executiva da Comissão Económica para a África, ECA, Vera Songwe, acredita que o trem, ou comboio, se vai tornar o meio de transporte terrestre preferido no continente.
A responsável descreveu as condições atuais como “abaixo de ótimas” e disse que as nações africanas precisam de um sistema maior e mais eficiente.
Potencial
Neste momento, África apenas tem 1 km de linha ferroviária para cada 400 km2 de terreno. Além disso, existem três sistemas diferentes. Songwe disse que isto cria “enclaves incompatíveis e dispendiosos” dentro do continente.
Segundo a Comissão Económica para África, ECA, esta aposta tem um grande custo financeiro. A renovação da linha entre a Etiópia e o Djibouti custou mais de US$ 4 bilhões. Uma nova linha entre as cidades quenianas de Mombaça e Nairóbi aumentou a dívida externa do país em 17%. Na África do Sul, vão ser necessários US$ 110 bilhões para converter a linha para um sistema mais moderno.
Devido a estes custos e às dificuldades de muitas economias africanas, a secretária-executiva da ECA acredita que são precisos modelos de negócios inovadores e uma grande injeção de capital.
Songwe explica que as parcerias público-privadas “dariam acesso ao setor privado a oportunidades de investimento seguras e de longo prazo”. Quanto ao setor público, beneficiaria das capacidades de gestão, inovação, técnicas e financeiras dos privados.
Vera Songwe publicou uma mensagem no Twitter, em inglês, sobre a importância destes investimentos:
Oportunidade
Num encontro sobre o tema em Joanesburgo, na África do Sul, na semana passada, Songwe falou de um novo mecanismo chamado Protocolo de Ferrovia de Luxemburgo. Explicando que o acordo entra em ação em 2019 e facilita o investimento neste tipo de infraestruturas, a responsável pediu a todos os governos que ratifiquem o documento.
A responsável afirmou que esse passo “é importante para a renascença da ferrovia em África” e “vital para o futuro da sua integração econômica”.
Vantagens
Songwe disse que o lançamento da Zona de Livre Comércio Continental em África, em março deste ano, vai criar “enormes mercados” para este serviço. Ela acredita que a grande massa continental de África, com 16 países, exige corredores de transporte de alta velocidade e alta capacidade.
A responsável também explicou que a urbanização de larga escala, como a que acontece no continente, oferece desafios que apenas podem ser resolvidos com este tipo de transporte. Por fim, esta opção oferece maior resistência às mudanças climáticas.
Apresentação: Alexandre Soares