Conflito na Ucrânia Oriental “não está adormecido”, avisa subsecretária-geral para Assuntos Políticos
Encontro no Conselho de Segurança foi o primeiro sobre o país em mais de um ano; cerca de 1,6 milhão de pessoas continuam deslocadas internamente; Escritório de Assistência Humanitária da ONU diz que apenas 13% do montante necessário para auxílio foram entregues.
A subsecretária-geral para Assuntos Políticos, Rosemary DiCarlo, afirmou esta terça-feira que o conflito no leste da Ucrânia “pode já não ser manchete internacional, mas não está adormecido ou congelado”.
DiCarlo discursou ao Conselho de Segurança, em Nova Iorque, na terça-feira, sobre a situação no país. A subsecretária-geral disse que “o conflito continua muito vivo e precisa de atenção, sobretudo para aliviar o custo humano”.
Violações
Este foi o primeiro encontro do Conselho dedicado a este tema desde 2 de fevereiro do ano passado. Segundo ela, “pedidos repetidos para respeitar o cessar-fogo não pararam os combates, longe disso”.
DiCarlo referiu o Acordo de Minsk, assinado em fevereiro de 2015 entre a Rússia, Ucrânia, França e Alemanha, para afirmar que “apesar de ter havido uma redução da violência e baixas, as mortes, destruição e sofrimento imenso continuam”. A responsável afirmou que também continuam a ser usadas armas proibidas pelo acordo.
Negociações
A responsável acredita que “as negociações parecem ter perdido impulso, com os principais interessados incapazes de chegar a acordo nos passos fundamentais”. A nível internacional, ela disse que as “discussões num possível operação de paz internacional não têm tido resultado.”
Segundo dados do Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas, o conflito já causou 2,7 mil mortos, com mais de 9 mil feridos. Cerca de 1,6 milhão de pessoas continuam deslocadas internamente, a maior população deslocada dentro da Europa.
Encontro
O encontro foi presidido pelo ministro dos negócios estrangeiros da Polônia, Jacek Czaputowicz. O país preside ao Conselho de Segurança durante o mês de maio.
No encontro, também discursou a secretária-geral assistente para os Assuntos Humanitários, Ursula Mueller. Segundo ela, as minas terrestres feriram ou mataram 238 civis no ano passado.
O Escritório da ONU para Assistência Humanitária, Ocha, afirma que mais de 600 mil pessoas estão expostas regularmente a hostilidades, cerca de 100 mil crianças frequentam escolas com janelas forradas de sacos de areia e mais de 40 mil casas foram destruídas ou danificadas.
Ajuda
Em 2018, agências de assistência humanitária previam ajudar 2,3 milhões de pessoas, mas receberam apenas 13% dos US $ 187 milhões necessários.
Mueller explicou que "isso obrigou agências, como o Programa Mundial de Alimentos, a sair da Ucrânia, apesar de 1,2 milhão de pessoas estarem com insegurança alimentar".
A secretária-geral assistente afirmou ainda que “este conflito levou milhões de ucranianos ao ponto de ruptura” e que “muitos deslocados já esgotaram as suas economias e meios de sobrevivência”.
O chefe da missão da Organização para Segurança e Cooperação na Europa, Osce, Ertugrul Apakan, falou na reunião através de videoconferência.
Apresentação: Alexandre Soares