Produção recorde de ópio no Afeganistão ameaça desenvolvimento sustentável

328 mil hectares foram utilizados em 2017, 63% a mais do que no ano anterior; novo levantamento da agência da ONU mostra que com isso, produção de heroína pode chegar a 900 toneladas.
O cultivo de ópio no Afeganistão atingiu novo recorde no ano passado, alcançando 328 mil hectares, 63% a mais do que no ano anterior. O levantamento do Escritório da ONU sobre Drogas e Crime, Unodc, foi apresentado esta segunda-feira.
Com isso, o potencial de produção de heroína com qualidade de exportação pode chegar a até 900 toneladas. Segundo o Unodc, o cultivo de papoula (planta de onde o ópio é extraído) cria vários desafios para o Afeganistão e nações vizinhas.
O tráfico ilegal de opiáceos contribui para a instabilidade, a insurgência e o financiamento de grupos terroristas. O relatório revela que a alta na produção de ópio levou à rápida expansão da economia ilegal no país no ano passado.
O mercado de opiáceos vale entre US$ 4,1 bilhões a US$ 6,6 bilhões, representando até 32% do Produto Interno Bruto, PIB, afegão. Para se fazer uma comparação, a exportação legal de bens e serviços do país em 2016 foi equivalente a 7% do PIB, ou seja, quase cinco vezes menos.
O Unodc explica que o ópio já é parte da economia afegã, garantindo o sustento de muitas famílias que cultivam a papoula, trabalham nas colheitas ou estão ligadas ao comércio de drogas. Na região sul do país, quase 85% dos vilarejos têm produção de papoula.
O relatório destaca ainda uma ligação “bem estabelecida entre falta de controle do governo, insegurança e aumento da produção de papoula para a extração de ópio”. Segundo o Unodc, o tráfico das drogas produzidas com ópio geral bilhões de dólares e na maior parte das vezes, essas drogas são traficadas para Europa e Ásia.
Por isso, a agência defende que reduzir a produção depende de um compromisso internacional que ataque o problema em todas as frentes, desde a cadeia de produção até o destino final das drogas.
Apresentação: Leda Letra.