Conselho de Segurança discutiu situação em Gaza em sessão de emergência
Estados-membros cumpriram minuto de silêncio em honra das vítimas junto à cerca que separa Gaza de Israel; coordenador especial da ONU para o Processo de Paz no Oriente Médio disse que segunda-feira foi “um dia de tragédia”.
O Conselho de Segurança reuniu-se de emergência nesta terça-feira para discutir a violência em Gaza que causou a morte de pelo menos 58 palestinos e 1,3 mil feridos.
Durante o encontro, o coordenador especial da ONU para o Processo de Paz no Oriente Médio, Nickolay Mladenov, disse que segunda-feira foi “um dia de tragédia. ”
Condenação
Mladenov afirmou que “não existem outras palavras para descrever o que aconteceu, não existe justificação para as mortes, não existe desculpa, não ajuda ninguém e, certamente, não serve a causa da paz. ”
O coordenador citou vários relatos dando conta de seis crianças entre os mortos. Segundo ele, estes números fazem de segunda-feira “o dia mais sangrento em Gaza desde o conflito em 2014”.
O responsável pediu que os Estados-membros condenassem “nos termos mais fortes possíveis as ações que levaram à perda de tantas vidas. ”
Responsabilidade
Segundo ele, Israel “tem a responsabilidade de calibrar a sua força”. O coordenador diz que o país “tem de proteger as suas fronteiras de infiltrações e terrorismo, mas deve fazê-lo de forma proporcional e investigar, de forma independente e transparente, qualquer incidente que leve à perda de uma vida humana. ”
Quanto ao Hamas, Mladenov afirmou que “não deve usar os protestos como um disfarce para tentar colocar bombas na fronteira e criar provocações. ” Os seus operacionais, acrescentou o coordenador, “não devem esconder-se entre os manifestantes e arriscar a vida de civis. ”
No início do encontro, os 15 Estados-membros cumpriram um minuto de silêncio em honra das vítimas.
Risco
A Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, também emitiu uma nota sobre estes incidentes. A agência da ONU acredita que este caso “adiciona mais uma camada de trauma a uma situação que já é insustentável.”
Segundo a nota, pelo menos quatro estudantes das escolas da Unrwa foram mortos desde o início das manifestações e 125 foram feridos.
A nota termina com o aviso de que “o risco de que uma violência semelhante ocorra nos próximos dias é alto.”
Secretário-geral
Em nota publicada na terça-feira, o secretário-geral disse que as forças de segurança israelitas devem conter o uso de munição verdadeira e os líderes das manifestações devem prevenir os atos violentos e provocações.
Com mais manifestações esperadas nos próximos dias, António Guterres acredita ser “indispensável que todos mostrem a máxima contenção para evitar mais perdas de vidas. ”
O chefe da ONU destacou ainda a urgência de uma solução política. Segundo ele, “não há alternativa viável à solução de dois Estados, com a Palestina e Israel vivendo lado a lado em paz, cada um com a sua capital em Jerusalém. ”
Apresentação: Alexandre Soares