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“Todos sofrerão se o Burundi explodir em violência durante ou após o referendo”

O conflito civil no pais terminou em 2005.
ONU Foto/Martine Perret
O conflito civil no pais terminou em 2005.

“Todos sofrerão se o Burundi explodir em violência durante ou após o referendo”

Paz e segurança

Chefe dos Direitos Humanos destaca tensões como desenvolvimento muito perigoso; Unicef fala de morte deliberada de 11 crianças em ataque em aldeia na sexta-feira.

Entidades das Nações Unidas reagiram ao ato de violência que provocou pelo menos 26 mortos no Burundi, advertindo sobre as consequências do ato perto da consulta popular sobre a constituição agendada para quinta-feira.

O alto comissário dos Direitos Humanos, Zeid Al Hussein, disse esta terça-feira que “todos sofrerão se o Burundi explodir em violência durante ou após o referendo”.

Homens Armados

O representante falou do ataque de homens armados não identificados ocorrido na sexta-feira na aldeia de Ruhamagara, em Cibitoke. A área está situada a cerca de 60 quilômetros a noroeste da capital Bujumbura.

Zeid expressou “preocupação com um possível aumento da violência”, na nota que indica haver “relatos muito divergentes sobre quem foram os atacantes e qual foi o motivo da ação”.

Para o chefe dos Direitos Humanos, o ato pode ter sido político e idealizado para causar impacto no referendo, ou ainda ter sido “realizado por outras razões, incluindo vingança”.

Zeid publicou uma mensagem no Twitter, em inglês, sobre o ataque:

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Crianças

Em nota separada, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, destaca as 11 crianças que estiveram entre as vítimas do ataque. A agência cita relatos indicando que esses menores foram deliberadamente visados.

A diretora do Unicef para a África Oriental e Austral, Leila Pakkala, sublinha que “as crianças precisam de paz e proteção, sempre”. O apelo da agência é que todas as partes garantam imediatamente o pleno respeito pelo direito das crianças à segurança e à sua proteção contra a violência.

Com a realização do referendo desta semana, a agência sublinha que “proteger crianças e preservar os seus direitos é uma responsabilidade compartilhada”.

Uniformes

O chefe dos Direitos Humanos citou relatos de moradores dando conta de que os autores do ataque usavam uniformes militares, apesar de não haver indicação de quem eram. Para Zeid, esse clima “é um desenvolvimento muito perigoso. ”

O alto comissário apontou ainda que o Burundi está “cheio de rumores, em situação de impasse nas negociações políticas e com aumento acentuado de tensões após o ataque e com muitos temendo o que pode acontecer durante e depois do referendo. ”

 

Apresentação: Eleutério Guevane.