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Afeganistão tem 3,5 milhões de pessoas que estão deslocadas ou voltaram ao país

A OIM estudou as 15 províncias afegãs com maior número de deslocados.
Unhcr/Insiya Syed
A OIM estudou as 15 províncias afegãs com maior número de deslocados.

Afeganistão tem 3,5 milhões de pessoas que estão deslocadas ou voltaram ao país

Migrantes e refugiados

Estudo da Organização Internacional para Migrações, OIM, mostra que o equivalente a 18% da população afegã vivem nessas condições; muitos moram em acampamentos informais sem condições sanitárias e acesso limitado à água; entre 2012 e 2012, 772 mil afegãos deixaram o país e não regressaram até agora.

Cerca de 3,5 milhões de afegãos são deslocados internos ou regressaram recentemente ao país, segundo a Organização Internacional para Migrações, OIM. O número representa 18% da população do Afeganistão.

A OIM estudou as 15 províncias afegãs com maior número de deslocados. Estas pessoas retornaram do exterior ou foram deslocadas internamente entre janeiro de 2012 e dezembro de 2017.

Necessidade

A OIM diz que o estudo foi feito “devido ao aumento dramático nos retornos dos países vizinhos e ao deslocamento interno.” Do total de 3,5 milhões de pessoas, cerca de 2,5 milhões entraram nesta situação entre janeiro de 2016 e dezembro de 2017.

Mais de 1,7 milhão de pessoas são deslocadas dentro do país. Cerca de 86% está nesta situação devido ao conflito, enquanto outros 14% foram forçados a deixar as suas casas devido a desastres naturais, como inundações e avalanches. Perto de 60% mudaram-se para outros locais dentro da mesma província.

Os retornados de outros países incluem 1,4 milhão de pessoas do Paquistão e cerca de 398 mil do Irã. Outros 67 mil vieram de países não vizinhos, incluindo 38 mil que chegaram da Europa e da Turquia.

Condições

Segundo a OIM, muitas destas pessoas vivem em pobreza extrema. Mais de 100 mil habitam em tendas ou ao ar livre e perto de 500 mil estão com famílias de acolhimento ou parentes. A organização também diz que “existe uma forte tendência para a urbanização”, com cerca de 48% desta população a residir em distritos urbanos.

O chefe de missão do OIM no Afeganistão, Laurence Hart, afirmou que muitos vivem em acampamentos informais onde as condições “são terríveis, com padrões extremamente baixos de higiene e acesso limitado à água.”

Cidade de Cabul, Afeganistão. Estes deslocados concentram-se em zonas urbanas.
Foto Unama: Fardin Waezi
Cidade de Cabul, Afeganistão. Estes deslocados concentram-se em zonas urbanas.

Saída

A OIM também registou a saída de pessoas do país.

Entre 2012 e 2014, cerca de 772 mil indivíduos, ou 5% da população, deixaram o Afeganistão e não regressaram. Mais de metade foi para o Irã e perto de 160 mil foram para o Paquistão. Cerca de 110 mil foram para a Europa, incluindo a Turquia.

No lançamento do relatório, o ministro de Refugiados e Repatriação do país, Seyed Balkhi, disse que “nos últimos seis anos, uma em cada seis pessoas era repatriada ou deslocada internamente.” Por isso, “é necessário que a migração e o deslocamento sejam considerados como prioridade máxima pelo governo.”

Com estas novas informações, a OIM pretende “fornecer ao governo do Afeganistão e aos parceiros humanitários dados que permitam oferecer assistência oportuna, direcionada e económica.”

Apresentação: Alexandre Soares