Conselho de Segurança termina visita a Mianmar e Bangladesh
Delegação visitou acampamentos de refugiados em Cox’s Bazar durante fim de semana; perto de 200 mil refugiados estão em risco devido a deslizamentos de terra e inundações.
Uma delegação do Conselho de Segurança terminou esta terça-feira uma visita ao Bangladesh e Mianmar. Durante quatro dias, os representantes dos 15 Estados-membros visitaram acampamentos de refugiados e encontraram-se com autoridades dos dois países.
O porta-voz do secretário-geral, Stephane Dujarric, disse a jornalistas, na sede da ONU, que a delegação está de regresso a Nova Iorque.
Mianmar
Segundo o porta-voz, nesta terça-feira, os representantes visitaram Rakhine, o estado de onde vieram a grande maioria dos refugiados rohingya. A comitiva esteve em duas aldeias, um centro de acolhimento e outro de trânsito. Também teve encontros com o governo local e representantes da sociedade civil.
No fim de semana, a delegação visitou os campos de refugiados em Cox’s Bazar, no Bangladesh.
Segundo o Centro de Informação das Nações Unidas de Daca, “a delegação interagiu com os refugiados rohingya” e “garantiu que não vai parar com os seus esforços para encontrar uma solução digna e duradoura que permita o seu regresso a Mianmar, apesar de não ser possível resolver a crise numa noite. ”
Na segunda-feira, os representantes encontraram-se com o primeiro-ministro do Bangladesh, Sheikh Hasina, em Daca, e partiram depois para a capital de Mianmar, Naypyidaw.
Nesta cidade, encontraram-se com a conselheira da República da União de Mianmar, Aung San Suu Kyi, e com o comandante chefe das Forças Armadas, o general Min Aung Hlaing. A missão também se reuniu com membros da sociedade civil, parlamentares e representantes do governo.
Situação humanitária
Segundo o Escritório de Assistência Humanitária da ONU, Ocha, cerca de 500 mil rohingya ainda vivem em Rakhine, onde enfrentam discriminação e marginalização. A agência da ONU afirma que cerca de 130 mil homens, mulheres e crianças vivem em campos com “condições terríveis”.
Segundo a ONU, “persistem restrições severas à liberdade de movimento, o que restringe fortemente o acesso a cuidados de saúde, educação e meios de subsistência. ” Segundo o porta-voz das Nações Unidas, “esta é a realidade que tem de mudar para que os refugiados retornem. ”
Kachin
Stephane Dujarric, mencionou também ao aumento da violência no estado de Kachin, no norte de Mianmar, onde 5 mil pessoas foram deslocadas nas últimas três semanas.
A violência é causada por uma disputa entre o governo e o Exército de Independência de Kachin.
A ONU pede a “todas as partes que respeitem as suas obrigações perante a lei humanitária internacional e terminem com a violência. ”
Financiamento
Dujarric lembrou também as necessidades de financiamento para preparar e responder à época das monções, que começa este mês.
Perto de 200 mil refugiados estão em risco devido a deslizamentos de terra e inundações. O porta-voz disse que a situação “pode tornar-se um desastre além da atual emergência. ”
O Plano de Resposta Conjunta para a Crise Humanitária Rohingya, anunciado em março, procura US$ 951 milhões para ajudar estes refugiados e as comunidades anfitriãs. Até este momento, apenas 10% deste dinheiro foi angariado.
Apresentação: Alexandre Soares