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Conselho de Segurança termina visita a Mianmar e Bangladesh

António Guterres reafirmou o “apoio inabalável” das Nações Unidas ao povo do país
Unrco/Aye Thaw Da
António Guterres reafirmou o “apoio inabalável” das Nações Unidas ao povo do país

Conselho de Segurança termina visita a Mianmar e Bangladesh

Paz e segurança

Delegação visitou acampamentos de refugiados em Cox’s Bazar durante fim de semana; perto de 200 mil refugiados estão em risco devido a deslizamentos de terra e inundações.

Uma delegação do Conselho de Segurança terminou esta terça-feira uma visita ao Bangladesh e Mianmar. Durante quatro dias, os representantes dos 15 Estados-membros visitaram acampamentos de refugiados e encontraram-se com autoridades dos dois países.

O porta-voz do secretário-geral, Stephane Dujarric, disse a jornalistas, na sede da ONU, que a delegação está de regresso a Nova Iorque.

Mianmar

Segundo o porta-voz, nesta terça-feira, os representantes visitaram Rakhine, o estado de onde vieram a grande maioria dos refugiados rohingya. A comitiva esteve em duas aldeias, um centro de acolhimento e outro de trânsito. Também teve encontros com o governo local e representantes da sociedade civil.

No fim de semana, a delegação visitou os campos de refugiados em Cox’s Bazar, no Bangladesh.

Segundo o Centro de Informação das Nações Unidas de Daca, “a delegação interagiu com os refugiados rohingya” e “garantiu que não vai parar com os seus esforços para encontrar uma solução digna e duradoura que permita o seu regresso a Mianmar, apesar de não ser possível resolver a crise numa noite. ”

Na segunda-feira, os representantes encontraram-se com o primeiro-ministro do Bangladesh, Sheikh Hasina, em Daca, e partiram depois para a capital de Mianmar, Naypyidaw.

Nesta cidade, encontraram-se com a conselheira da República da União de Mianmar, Aung San Suu Kyi, e com o comandante chefe das Forças Armadas, o general Min Aung Hlaing. A missão também se reuniu com membros da sociedade civil, parlamentares e representantes do governo.

Membros do Conselho de Segurança visitaram o campo de Kutupalong este domingo.
Carolina Gluck/Acnur
Membros do Conselho de Segurança visitaram o campo de Kutupalong este domingo.

Situação humanitária

Segundo o Escritório de Assistência Humanitária da ONU, Ocha, cerca de 500 mil rohingya ainda vivem em Rakhine, onde enfrentam discriminação e marginalização. A agência da ONU afirma que cerca de 130 mil homens, mulheres e crianças vivem em campos com “condições terríveis”.

Segundo a ONU, “persistem restrições severas à liberdade de movimento, o que restringe fortemente o acesso a cuidados de saúde, educação e meios de subsistência. ” Segundo o porta-voz das Nações Unidas, “esta é a realidade que tem de mudar para que os refugiados retornem. ”

Kachin

Stephane Dujarric, mencionou também ao aumento da violência no estado de Kachin, no norte de Mianmar, onde 5 mil pessoas foram deslocadas nas últimas três semanas.

A violência é causada por uma disputa entre o governo e o Exército de Independência de Kachin.

A ONU pede a “todas as partes que respeitem as suas obrigações perante a lei humanitária internacional e terminem com a violência. ”

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Financiamento

Dujarric lembrou também as necessidades de financiamento para preparar e responder à época das monções, que começa este mês.

Perto de 200 mil refugiados estão em risco devido a deslizamentos de terra e inundações. O porta-voz disse que a situação “pode tornar-se um desastre além da atual emergência. ”

O Plano de Resposta Conjunta para a Crise Humanitária Rohingya, anunciado em março, procura US$ 951 milhões para ajudar estes refugiados e as comunidades anfitriãs. Até este momento, apenas 10% deste dinheiro foi angariado.

  Apresentação: Alexandre Soares