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Relatora da ONU preocupada com foco de violência em outro estado de Mianmar

Detenções aconteceram no domingo, quando os militares tomaram o poder na véspera da sessão de abertura do novo Parlamento
IRIN/Steve Sandford
Detenções aconteceram no domingo, quando os militares tomaram o poder na véspera da sessão de abertura do novo Parlamento

Relatora da ONU preocupada com foco de violência em outro estado de Mianmar

Paz e segurança

Confrontos entre militares e civis causaram morte de 10 pessoas no estado de Kachin; mais de 5 mil pessoas tiveram que fugir de suas casas nas últimas três semanas. 

A violência no estado de Kachin, no norte de Mianmar, já causou a morte de pelo menos 10 pessoas e forçou milhares de pessoas a sair das suas casas, segundo uma especialista de direitos humanos da ONU.

A relatora, Yanghee Lee, disse estar muito preocupada com a situação. Segundo ela, os militares conduziram ataques aéreos, usaram armas pesadas e fogo de artilharia contra civis junto da fronteira com a China.  

Civis

Lee afirmou que “o que se está a assistir no estado de Kachin nas últimas semanas é completamente inaceitável e tem de parar imediatamente.” Ela acredita que “civis inocentes estão a ser mortos e feridos, com centenas de famílias a fugir para salvar as suas vidas.”

Yanghee Lee lembrou que “os civis nunca devem ser sujeitos a violência durante um conflito” e que “todas as partes devem tomar as medidas necessárias para garantir a sua segurança.”

Relatora especial, Yanghee Lee.
Foto: ONU/ Kim Haughton.
Relatora especial, Yanghee Lee.

Ajuda humanitária

Segundo a ONU, nas últimas três semanas, mais de 5 mil civis tiveram de abandonar as suas aldeias junto à fronteira com a China. Crianças, mulheres grávidas e pessoas com deficiência estão entre os deslocados.

Um comboio de ajuda humanitária da Cruz Vermelha foi impedido de entrar numa das aldeias a 23 de abril. Mais de 100 pessoas estão há três semanas ali com acesso muito limitado à comida, medicamentos e outros itens essenciais à sua sobrevivência.

A relatora especial afirmou que “todas as partes do conflito devem permitir a passagem de ajuda humanitária” e que “qualquer impedimento pode constituir crimes de guerra de acordo com a lei internacional.”

Além de Rakhine

Em março, a relatora disse ao Conselho de Direitos Humanos que o mundo estava prestando atenção apenas ao estado de Rakhine, mas que em outras zonas do país a violência estava a aumentar.

Rakhine é o estado de onde vieram a maioria dos refugiados rohingya, que procuraram refúgio no país vizinho, Bangladesh.  No domingo, uma delegação do Conselho de Segurança visitou estes campos de refugiados.

 

*Os relatores de direitos humanos são independentes das Nações Unidas e não recebem salário por sua atuação junto ao Conselho de Direitos Humanos.

 

Apresentação: Alexandre Soares