Relatora da ONU preocupada com foco de violência em outro estado de Mianmar
Confrontos entre militares e civis causaram morte de 10 pessoas no estado de Kachin; mais de 5 mil pessoas tiveram que fugir de suas casas nas últimas três semanas.
A violência no estado de Kachin, no norte de Mianmar, já causou a morte de pelo menos 10 pessoas e forçou milhares de pessoas a sair das suas casas, segundo uma especialista de direitos humanos da ONU.
A relatora, Yanghee Lee, disse estar muito preocupada com a situação. Segundo ela, os militares conduziram ataques aéreos, usaram armas pesadas e fogo de artilharia contra civis junto da fronteira com a China.
Civis
Lee afirmou que “o que se está a assistir no estado de Kachin nas últimas semanas é completamente inaceitável e tem de parar imediatamente.” Ela acredita que “civis inocentes estão a ser mortos e feridos, com centenas de famílias a fugir para salvar as suas vidas.”
Yanghee Lee lembrou que “os civis nunca devem ser sujeitos a violência durante um conflito” e que “todas as partes devem tomar as medidas necessárias para garantir a sua segurança.”
Ajuda humanitária
Segundo a ONU, nas últimas três semanas, mais de 5 mil civis tiveram de abandonar as suas aldeias junto à fronteira com a China. Crianças, mulheres grávidas e pessoas com deficiência estão entre os deslocados.
Um comboio de ajuda humanitária da Cruz Vermelha foi impedido de entrar numa das aldeias a 23 de abril. Mais de 100 pessoas estão há três semanas ali com acesso muito limitado à comida, medicamentos e outros itens essenciais à sua sobrevivência.
A relatora especial afirmou que “todas as partes do conflito devem permitir a passagem de ajuda humanitária” e que “qualquer impedimento pode constituir crimes de guerra de acordo com a lei internacional.”
Além de Rakhine
Em março, a relatora disse ao Conselho de Direitos Humanos que o mundo estava prestando atenção apenas ao estado de Rakhine, mas que em outras zonas do país a violência estava a aumentar.
Rakhine é o estado de onde vieram a maioria dos refugiados rohingya, que procuraram refúgio no país vizinho, Bangladesh. No domingo, uma delegação do Conselho de Segurança visitou estes campos de refugiados.
*Os relatores de direitos humanos são independentes das Nações Unidas e não recebem salário por sua atuação junto ao Conselho de Direitos Humanos.
Apresentação: Alexandre Soares