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ONU testa drones para combater doenças transmitidas por mosquitos no Brasil

Romeo, um dos drones usados para transportar mosquitos
N. Culbert/Aiea
Romeo, um dos drones usados para transportar mosquitos

ONU testa drones para combater doenças transmitidas por mosquitos no Brasil

Saúde

Nova técnica corta custos de libertação de mosquitos para controlar pestes para metade; após acolher testes, Brasil usará técnica em janeiro do próximo ano.

A Agência Internacional de Energia Atômica, Aiea, testou no Brasil, com sucesso, drones para lutar contra doenças transmitidas por mosquitos.

Os veículos não tripulados transportam milhares de mosquitos tornados estéreis usando radiação. Ao longo do tempo, a população de insetos diminui, reduzindo a propagação de doenças como a zika. 

Caso brasileiro

O Brasil deve começar a usar este sistema em zonas rurais e urbanas em janeiro do próximo ano, no pico do verão e época do mosquito.

Moscamed, um centro recente que colabora com a Aiea, fez parte deste projeto. O diretor do centro, Jair Virginio, disse que está “com esperança sobre os resultados”, devido aos testes já realizados.

Testes

O sistema foi testado, pela primeira vez no mês passado.

Os machos são tornados estéreis com radiação, usando uma técnica conhecida como SIT, e lançados na natureza. Como não produzem descendência, a população de insetos reduz-se ao longo do tempo.

O entomologista Jeremy Bouyer, da divisão conjunta entre a FAO e a Aiea, explicou que “o mecanismo de libertação usado até agora tem sido uma garrafa.” Por isso, o uso de drones “é um grande avanço, abrindo caminho para libertações de larga escala, com custo controlado, em zonas densamente povoadas.” 

Resultados

Um dos maiores desafios é manter os mosquitos vivos quando são transportados. Com outros insetos, são usados aviões, mas nos mosquitos danifica suas asas e pernas. Com esta nova técnica, a taxa de mortalidade foi reduzida para apenas 10%.

Bouyer diz que “usando um drone, pode tratar-se 20 hectares em cinco minutos.” Um drone pesa apenas 10 Kg, mas carrega até 50 mil insetos. O custo de cada aparelho são US$ 10 mil, o que corta os custos de libertação para metade.

A Aiea e os seus parceiros tentam agora reduzir o peso do drone e aumentar a capacidade para 150 mil mosquitos.

Mosquitos macho nos laboratórios da Aiea, antes de serem esterilizados usando radiação.
Aiea/Dean Calma
Mosquitos macho nos laboratórios da Aiea, antes de serem esterilizados usando radiação.

Inovação

A técnica SIT, que faz a esterilização por radiação, é usada há mais de 50 anos para controlar pestes como a mosca da fruta, mas só nos últimos anos começou a ser usada em mosquitos.

A agência da ONU trabalhou neste projeto com a Organização da ONU para Agricultura e Alimentação, FAO, e com a organização americana WeRobotics.

 

Apresentação: Alexandre Soares