Chefe da ONU lembra genocídio no Ruanda e diz que reconciliação é possível
Secretário-geral está preocupado com o aumento do racismo, discurso de ódio e xenofobia; chefe das Nações Unidas quer que mais países ratifiquem Convenção para Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio antes do seu 70º aniversário, em dezembro.
A Assembleia Geral da ONU marcou esta sexta-feira, 13 de abril, o Dia Internacional de Reflexão sobre o Genocídio de 1994 contra os tutsi em Ruanda.
Na cerimónia, em Nova Iorque, o secretário-geral disse que “o povo do Ruanda mostrou que a reconciliação é possível, mesmo depois de uma tragédia de proporções monumentais.”
Perigos
No seu discurso, Guterres afirmou estar “profundamente preocupado com o aumento do racismo, discurso de ódio e xenofobia em todo o mundo.” Segundo ele, “estas manifestações básicas de crueldade humana são o terreno onde crescem atos mais malvados.”
O secretário-geral deu depois o exemplo recente dos rohingyas, em Mianmar, que “foram mortos, torturados, raptados, queimados vivos e humilhados, apenas por serem quem são.”
Guterres falou também da situação na Síria e na República Democrático do Congo.
Compromisso
O chefe da ONU lembrou que este ano se marca o 70º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos e da Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio.
Segundo ele, “ratificar esta convenção é uma obrigação moral”, mas 45 países ainda não o fizeram. O chefe da ONU quer que todos os países o façam antes de 9 de dezembro, quando se marca o aniversário.
Guterres terminou dizendo que “para salvar pessoas em risco, é preciso ir além das palavras, é preciso cultivar a coragem de cuidar e a determinação para agir.”
Estimativas sobre o número de mortos no genocídio do Ruanda variam entre 800 mil e mais de 1 milhão de pessoas.
A última resolução da Assembleia Geral sobre o tema, estabelecendo o dia 7 de abril como Dia Internacional de Reflexão sobre o Genocídio de 1994 contra os tutsi em Ruanda, citava mais de um milhão de mortos, incluindo hutus e outros que se opuseram.
Apresentação: Alexandre Soares