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Investigação da ONU detalha o “horror” das detenções na Líbia

Migrantes detidos foram  levados por grupos armados.
Unsmil/Iason Athanasiadis
Migrantes detidos foram levados por grupos armados.

Investigação da ONU detalha o “horror” das detenções na Líbia

Direitos humanos

Grupos armados, inclusive os ligados ao Estado, mantêm milhares de pessoas detidas de forma prolongada e as submetem à tortura; relatório destaca outros abusos de direitos humanos.

As Nações Unidas divulgaram nesta terça-feira um relatório detalhando abusos de direitos humanos ocorridos na Líbia. Grupos armados, incluindo os que têm ligação com o Estado, mantêm milhares de pessoas detidas de forma arbitrária e ilegal e ainda as submetem à tortura.

O documento do Escritório de Direitos Humanos destaca que adultos e crianças na Líbia são presos baseados nas suas ligações tribais, familiares ou filiações políticas. As vítimas têm pouco ou nenhum recurso para pedir justiça, enquanto integrantes dos grupos armados aproveitam a total impunidade.

Horror

Cerca de 6,5 mil pessoas estão em prisões no país, em locais conhecidos por “tortura endêmica e outras violações de direitos humanos”. Um centro de detenção da base aérea de Trípoli, por exemplo, mantém presos 2,6 mil homens, mulheres e crianças, a maioria sem acesso à auxílio judicial.

Alto comissário para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein.
Foto: ONU/Jean-Marc Ferré
Alto comissário para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein.

Para o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, o relatório destaca “o horror dessas detenções, para as vítimas e suas famílias”. Zeid Al Hussein afirma que esses abusos precisam parar e os autores desses crimes devem ser responsabilizados.

Desde que a violência ressurgiu na Líbia, em 2014, grupos armados têm como alvo opositores, críticos, ativistas, médicos, jornalistas e políticos. Uma prática comum é sequestrar pessoas para fazer a troca de prisioneiros.

Mortes

O relatório foi produzido em cooperação com a Missão de Apoio da ONU na Líbia, Unsmil, focando nas preocupações de direitos humanos ligadas às detenções na Líbia desde a assinatura do Acordo Político Líbio, em dezembro de 2015, até 1º de janeiro de 2018.

Em relação a pessoas detidas que acabaram morrendo, o documento explica que “os corpos de centenas de pessoas presas por grupos armados foram largados nas ruas, hospitais e em depósitos de lixo, com costelas quebradas, marcas de tortura e de tiros.

O documento pede às autoridades líbias para condenarem publicamente a tortura, o tratamento cruel e as execuções sumárias e garantir responsabilização por tais crimes.