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24 anos após genocídio em Ruanda, racismo e discurso de ódio aumentam BR

Cemitério em Nyanza, na zona rural de Kigali, em Ruanda. Durante o genocídio, 10 mil pessoas foram queimadas e mortas no vilarejo, enquanto tentavam escapar para o Burundi.
Foto: UNICEF/Giacomo Pirozzi
Cemitério em Nyanza, na zona rural de Kigali, em Ruanda. Durante o genocídio, 10 mil pessoas foram queimadas e mortas no vilarejo, enquanto tentavam escapar para o Burundi.

24 anos após genocídio em Ruanda, racismo e discurso de ódio aumentam

Direitos humanos

800 mil pessoas foram assassinadas no país africano; Dia Internacional de Reflexão sobre o Genocídio de 1994 contra os Tutsi em Ruanda é marcado neste 7 de abril; secretário-geral António Guterres está muito preocupado também com o aumento da xenofobia ao redor do mundo.

Este sábado, 7 de abril, é o Dia Internacional de Reflexão sobre o Genocídio de 1994 contra os Tutsi em Ruanda, com a ONU lembrando que os Hutus também foram mortos.

Cerca de 800 mil pessoas foram assassinadas no massacre, que começou no dia 7 de abril e durou aproximadamente 100 dias.

Tragédia monumental

O secretário-geral da ONU explica ser uma data para “lembrar todas as pessoas assassinadas e refletir sobre o sofrimento dos sobreviventes, que mostraram que a reconciliação é possível mesmo depois de uma tragédia monumental”.

Na mensagem sobre o dia internacional, António Guterres afirma que “Ruanda aprendeu com a tragédia” e a comunidade internacional deveria fazer o mesmo, já que “os países têm a responsabilidade de proteger suas populações de genocídio, crimes de guerra e contra a humanidade e limpeza étnica”.

Para o chefe da ONU, é fundamental que exista união para “prevenir essas atrocidades”. Guterres também está muito preocupado com o “aumento, pelo mundo, do racismo, do discurso de ódio e da xenofobia”.

Rohingyas em Mianmar

Segundo ele, essas “manifestações de crueldade humana alimentam terreno para atos ainda mais malvados”. António Guterres lamenta que, atualmente, pessoas continuem sendo assassinadas, deslocadas e sofrendo abusos de direitos humanos por conta de sua fé ou etnia.

O chefe da ONU tem preocupação especial com os muçulmanos rohingya, de Mianmar, porque “integrantes desta minoria étnica e religiosa têm sido assassinados de forma sistemática, torturados, estuprados, queimados vivos e humilhados”. Por isso, mais de 671 mil rohingyas já buscaram refúgio de Bangladesh.

Coragem

Guterres também lembra que a ONU está comemorando os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e da Convenção sobre a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio.

Mas para salvar pessoas em risco, o secretário-geral pede mais do que palavras. António Guterres quer “coragem para cuidar e decisão para agir”, única maneira, segundo ele, de honrar vítimas e sobreviventes do genocídio e garantir que o que aconteceu em Ruanda não se repita jamais.