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O general da ONU na linha da frente que desarmou 100 mil combatentes na Libéria

Foto: Unmil.

O general da ONU na linha da frente que desarmou 100 mil combatentes na Libéria

Paz e segurança

Daniel Opande  esteve na frente das forças das Nações Unidas no primeiro contacto com diferentes fações em guerra; ONU encerra Missão de Paz da Libéria assinalando sucessos nos 15 anos de presença no país da África Ocidental.

Mais de 100 mil ex-combatentes foram desarmados como resultado das ações da Missão das Nações Unidas na Libéria, Unmil. A operação de paz termina oficialmente este fim de semana.

O comandante das forças internacionais no processo foi o general Daniel Opande, que falou à ONU News sobre o encerramento da operação. Ele contou que chegou ao país vindo da Serra Leoa, onde a situação havia retornado ao normal, foi instalado um governo funcional e havia paz.

Segurança

Opande disse que na Libéria o cenário era oposto: nada funcionava, o governo estava em colapso, não havia acordo sobre segurança e todo o país estava em tumulto. De acordo com o comandante, as pessoas moviam-se de um lugar para outro em busca de segurança ou comida.

Daniel Opande disse que aproximou vários comandantes de facções em guerra para que estes aceitassem a paz. O último contingente foi de mais de 4,7 mil homens mas em outubro de 2003 havia 1,5 mil a menos vindos dos vizinhos Nigéria, Benin, Gâmbia, Gana, Guiné-Bissau, Mali, Nigéria, Senegal e Togo.

 General Daniel Opande.
ONU/Devra Berkowitz
General Daniel Opande.

Monróvia

O general disse que durante o seu mandato tentou estender a mão a várias facções e aproximar-se dos seus líderes, ao contrário de operar a partir da capital Monróvia. Ele defendeu que não se podia esperar que estes fossem discutir como resolver a situação de segurança e foi-se até eles.

Opande disse que não teve medo de ir para onde quer que os comandantes estivessem. O general revelou que ao conhecer os "generais" e líderes locais nas áreas remotas se certificou que estes percebessem o que se esperava deles para devolver a paz ao país.

Economia

Quinze anos depois, o fim da missão tem como espelho o sucesso das eleições de 2005/2006. Para Opande, o grande feito nesse pleito foi a eleição de uma liderança voltada para a economia, para a segurança e orientada nas pessoas.

Instado a fazer uma comparação com o conflito do Sudão do Sul, o general disse que não se podia comparar países em conflito. Destacou, entretanto, que se Libéria passou por 10 anos de conflito civil e pôde se unir e concentrar num futuro melhor, isso poderá ser possível no Sudão do Sul.