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Novo estudo foca em jovens que não estudam nem trabalham

Segundo o estudo, as jovens casadas e com filhos pequenos enfrentam muitas dificuldades para retomar os estudos e o emprego.
Agência Brasil
Segundo o estudo, as jovens casadas e com filhos pequenos enfrentam muitas dificuldades para retomar os estudos e o emprego.

Novo estudo foca em jovens que não estudam nem trabalham

Desenvolvimento econômico

Banco Mundial e ONG Promundo, em evento conjunto, apresentam dados e recomendações de políticas públicas para enfrentar desafios na área de gênero; documento se baseia em entrevistas feitas com homens e mulheres com idades entre 18 e 25 anos.

O Banco Mundial lançou nesta quinta-feira, em evento no Rio de Janeiro, um estudo sobre jovens brasileiros que não estudam nem trabalham, conhecidos como “nem-nem”.

O documento se baseia em entrevistas feitas com mulheres e homens das áreas urbana e rural de Pernambuco, com idades entre 18 e 25 anos. E conclui que os “jovens desengajados”, como costumam ser chamados, têm vários motivos para estar nessa condição.

Sem motivação

Hoje, quase um quarto da população de 15 a 29 anos não estuda nem trabalha. São 11 milhões de brasileiros. A autora do relatório, Miriam Müller, fala sobre algumas políticas públicas que podem ajudar a reverter essa situação.

“As barreiras que o estudo identifica são produto de condições de pobreza e de gênero. Os jovens não têm culpa de estarem nesta situação. A gente está sugerindo três pontos de entrada principais para política pública. O primeiro ponto de entrada seria trabalhar as barreiras externas que esses jovens encontram. O segundo, a estimulação de aspirações entre esse público. E o terceiro, a promoção da capacidade de ação desses jovens.”

O que as autoras do estudo chamam de “barreiras à motivação interna” significa a falta de aspiração ou predisposição para voltar aos estudos ou ao trabalho. Essa tendência foi encontrada principalmente entre mulheres casadas e com filhos pequenos, vivendo sob normas sociais restritivas, que reforçam seu papel de cuidadoras.

Crise econômica

A equipe de pesquisa também ouviu jovens que expressaram motivação para voltar a trabalhar ou estudar, mas não tomaram medidas para fazê-lo. Muitos deles até se inscreveram no Exame Nacional do Ensino Médio, Enem, ou enviaram currículos, mas não deram continuidade a esses esforços.

A pesquisa aponta, entre outros fatores, a falta de modelos que inspirem essas pessoas a perseverar.

Por último, o estudo conta a história de jovens que, embora tenham se esforçado para estudar ou trabalhar, desistiram por causa de barreiras externas. Entre elas, estão os obstáculos para conciliar ambas as atividades; falta de recursos financeiros ou de qualificação; e a crise econômica do país.

Paternidade

No mesmo evento, a ONG Promundo apresentou o estudo Situação da Paternidade no Mundo 2017, inédito no Brasil. O estudo mostra os obstáculos a serem superados para que homens e mulheres equilibrem as tarefas não remuneradas de cuidado da casa e dos filhos.

Milena do Carmo, coordenadora de Paternidade e Cuidado no Promundo Brasil, traz alguns dados globais sobre o tema.

 “Em países que oferecem 100 dias ou mais de licença-maternidade e cinco dias ou mais de licença paternidade, o tempo médio diário gasto no trabalho não remunerado é duas vezes maior para as mulheres do que para os homens. E, quando é inferior a 100 dias, as mulheres gastam 4,1 vezes mais tempo do que os homens diariamente."

O estudo apresenta diversas recomendações de políticas públicas. Entre elas, estão: oferecer e incentivar o uso de uma licença remunerada e igualitária para mães e pais; e promover mais iniciativas de cuidado parental que incluam os homens.

Apresentação: Mariana Ceratti, do Banco Mundial Brasil