Guterres: "não houve cessar de hostilidades” na Síria
No Conselho de Segurança, secretário-geral avaliou implementação da resolução 2401; decisão pede cessar-fogo de 30 dias; chefe da ONU informou que nenhum ponto da resolução foi cumprido totalmente.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse esta segunda-feira ao Conselho de Segurança que a resolução do órgão pedindo um cessar-fogo na Síria não tem sido cumprida.
A decisão, aprovada a 24 de fevereiro, por unanimidade, decretava “uma pausa humanitária de pelo menos 30 dias consecutivos em toda a Síria, para permitir a entrega de ajuda humanitária de forma segura, desimpedida, sustentável, e a retirada dos feridos e doentes graves. ”
Falhas
No seu discurso, António Guterres referiu todas as formas em como a resolução não está a ser respeitada.
Segundo ele, “não houve cessar das hostilidades” e a entrega de ajuda humanitária não tem acontecido “de forma segura, desimpedida e sustentável. ”
O chefe da ONU disse também que não foi levantado o cerco em zonas habitadas, como Ghouta Oriental, e que “nenhum doente ou ferido grave foi evacuado” até ao momento.
Orientação
Guterres falou também sobre as negociações que estão a decorrer. O secretário-geral detalhou vários encontros e correspondência entre as partes envolvidas no conflito, incluindo o Governo Sírio, fações rebeldes, a ONU e a Rússia.
O chefe da ONU afirmou que ele e o seu enviado especial para o país, Staffan de Mistura, se mantiveram “informados de cada passo, oferecendo apoio e orientação para garantir a implementação da resolução. ”
Ajuda humanitária
António Guterres disse que a ONU e os seus parceiros estão prontos para entregar ajuda humanitária, mas os objetivos não têm sido cumpridos devido à violência.
O secretário-geral detalhou o que foi feito nas últimas duas semanas. Em Afrin e Tell Refaat, a norte de Alepo, a ajuda chegou a 50 mil pessoas. Em Dar Al-Kabira, foram alcançadas 33,5 mil pessoas, mas “o governo sírio não permitiu a entrega de medicamentos essenciais como a insulina. ”
Em Ghouta Oriental, a ajuda chegou a 27,5 mil pessoas, um terço do objetivo. Além disso, explicou Guterres, “a maioria do material médico foi removida pelas autoridades sírias. ”
Guterres afirmou que “a violência tornou esta operação extremamente perigosa, apesar das garantias dadas. ” Numa das ocasiões, o pessoal teve de regressar a Damasco por causa de bombardeamentos.
Esperança
O secretário-geral elogiou ainda “os valentes trabalhadores humanitários que arriscam as suas vidas para entregar ajuda e proteção às pessoas que precisam.”
Segundo ele, “com todas estas dificuldades, a situação humanitária e de direitos humanos tornam-se mais desesperantes a cada dia.”
Guterres referiu-se também ao alegado uso de armas químicas.
O chefe da ONU disse que “há novas alegações perturbadoras de uso de gás de cloro” e que “mesmo que isso não seja possível de verificar, não pode ser ignorado. ”
No fim do discurso, Guterres disse acreditar que “apesar das dificuldades, falta de confiança, desconfianças mútuas ainda é possível implementar a resolução 2401. ”