Conselho de Segurança discute Afeganistão em sessão dedicada a mulheres
Holanda, que preside ao Conselho de Segurança em março, convidou todos os Estados-membros a enviar comitivas 100% femininas para assinalar o Dia Internacional da Mulher.
O representante especial do secretário-geral da ONU para o Afeganistão disse esta quinta-feira no Conselho de Segurança que alguns acontecimentos recentes o deixam preocupado e “podem aprofundar divisões na sociedade” afegã.
Tadamichi Yamamoto avisou que “a unidade nacional é a única base para a continuação do apoio internacional ao Afeganistão e para a implementação de reformas eficazes.”
Negociações
O representante especial lembrou que, na semana passada, o país organizou a segunda Conferência do Processo de Cabul para a Paz e Segurança.
Segundo Yamamoto, o presidente Ashraf Ghani “ofereceu tréguas ao Talebã, sem pré-condições, e estabeleceu um caminho para as negociações com uma série de propostas concretas. ”
Para ele, os argumentos do Talebã para evitar negociações não são válidos e “os líderes políticos têm de colocar o interesse nacional acima das agenda partidárias.”
Eleições
O enviado especial acredita que os membros do Conselho “deixaram uma mensagem clara e forte de que as eleições parlamentares devem ocorrer em 2018 e as presidenciais em 2019” quando visitaram o país em janeiro.
Yamamoto informou que, desde essa altura, houve avanços no registro de eleitores e que, mesmo que as eleições parlamentares não aconteçam no mês previsto, em julho, devem ser realizadas ainda este ano.
Refugiados
O representante especial lembrou que “durante décadas, em tempos de grande necessidade, o Paquistão e o Irão acolheram de forma generosa refugiados afegãos.” Nos dois últimos anos, 1,5 milhão de pessoas regressaram ao seu país. Yamamoto informou que “estes números inevitavelmente pioraram a capacidade do governo de oferecer serviços.”
Para ele, “essa diferença tem de ser resolvida antes de encorajar as pessoas a regressar de forma voluntária.”
Mulheres
A Holanda, que preside ao Conselho de Segurança em março, convidou todos os Estados-membros a enviar comitivas 100% femininas para esta reunião, como forma de assinalar o Dia Internacional da Mulher.
O representante especial explicou que “as mulheres são desproporcionalmente afetadas pelo conflito no Afeganistão.” No ano passado, mais de 1,2 mil mulheres foram mortas ou feridas em combates e ataques.
Apesar disso, Yamamoto disse que “a força das mulheres afegãs é o que mantém coesa a sociedade do país.”
Apresentação: Alexandre Soares.