Dois terços da população no Sudão do Sul correm risco de fome
Se nada for feito, crise pode atingir níveis mais altos da história do país africano; em maio, 1,3 milhão de crianças com menos de 5 anos podem estar em situação de má nutrição grave.
Alexandre Soares, da ONU News em Nova Iorque.
Mais de 7 milhões de pessoas no Sudão do Sul podem estar em situação de insegurança alimentar severa nos próximos meses, anunciaram esta segunda-feira três agências das Nações Unidas.
Este número representa quase dois terços da população do país, que precisam urgentemente de ajuda humanitária e acesso. O alerta é da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, e do Programa Mundial de Alimentos, PMA.
Fome
As agências avisam que o período mais difícil acontece entre maio e julho. Cerca de 155 mil pessoas, incluindo 29 mil crianças, estão em maior risco e podem sofrer níveis extremos de fome.
Em janeiro, 5,3 milhões de sul-sudaneses já tinham dificuldade em obter um prato de comida todos os dias. Comparando com o ano anterior, este número representa um aumento de 40%.
Em 2017, a situação de fome foi declarada oficialmente em algumas partes do país. As agências dizem que a resposta humanitária conteve a situação, mas que “a perspectiva de insegurança alimentar nunca foi tão terrível quanto agora.”
O representante da FAO no Sudão do Sul, Serge Tissot, acredita que a situação “é extremamente frágil”. Segundo ele, uma outra crise de fome pode ocorrer a qualquer momento.
Criancas
Em maio, mais de 1,3 milhões de crianças com menos de cinco anos estará em situação de má nutrição grave se não receberem assistência.
A representante do Unicef, Mahimbo Mdoe, disse que a agência se está a preparar "para taxas de má nutrição nunca vistas no país."
Segundo ela, “se não houver uma resposta urgente e acesso às pessoas com mais necessidade, muitas crianças vão morrer."
Campanha
No ano passado, a campanha destas agências foi a maior de sempre no Sudão do Sul. Durante o ano, foram feitas 135 missões humanitárias urgentes na nação africana.
A FAO entregou sementes e instrumentos de plantio a 5 milhões de pessoas e vacinou mais de 6 milhões de animais. O Unicef prestou assistência a cerca de 208 mil crianças com má nutrição severa. Este ano, prevê chegar a 215 mil.
Em seu momento de pico, o PMA estava a prestar assistência alimentar a 4,4 milhões de pessoas. Os planos para este ano são para entregar 20% mais mantimentos.