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Dois terços da população no Sudão do Sul correm risco de fome

Em algumas regiões do Sudão do Sul, há cada vez mais pessoas a sobreviver com apenas uma refeição por dia.
Foto: FAO/Stefanie Glinski
Em algumas regiões do Sudão do Sul, há cada vez mais pessoas a sobreviver com apenas uma refeição por dia.

Dois terços da população no Sudão do Sul correm risco de fome

Direitos humanos

Se nada for feito, crise pode atingir níveis mais altos da história do país africano; em maio, 1,3 milhão de crianças com menos de 5 anos podem estar em situação de má nutrição grave.

Alexandre Soares, da ONU News em Nova Iorque.

Mais de 7 milhões de pessoas no Sudão do Sul podem estar em situação de insegurança alimentar severa nos próximos meses, anunciaram esta segunda-feira três agências das Nações Unidas.

Este número representa quase dois terços da população do país, que precisam urgentemente de ajuda humanitária e acesso. O alerta é da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, e do Programa Mundial de Alimentos, PMA.

Fome

As agências avisam que o período mais difícil acontece entre maio e julho. Cerca de 155 mil pessoas, incluindo 29 mil crianças, estão em maior risco e podem sofrer níveis extremos de fome.

Em janeiro, 5,3 milhões de sul-sudaneses já tinham dificuldade em obter um prato de comida todos os dias. Comparando com o ano anterior, este número representa um aumento de 40%.

Em 2017, a situação de fome foi declarada oficialmente em algumas partes do país. As agências dizem que a resposta humanitária conteve a situação, mas que “a perspectiva de insegurança alimentar nunca foi tão terrível quanto agora.”

O representante da FAO no Sudão do Sul, Serge Tissot, acredita que a situação “é extremamente frágil”. Segundo ele, uma outra crise de fome pode ocorrer a qualquer momento.

Criancas

Em maio, mais de 1,3 milhões de crianças com menos de cinco anos estará em situação de má nutrição grave se não receberem assistência.

A representante do Unicef, Mahimbo Mdoe, disse que a agência se está a preparar "para taxas de má nutrição nunca vistas no país."

Segundo ela, “se não houver uma resposta urgente e acesso às pessoas com mais necessidade, muitas crianças vão morrer."

Campanha

No ano passado, a campanha destas agências foi a maior de sempre no Sudão do Sul. Durante o ano, foram feitas 135 missões humanitárias urgentes na nação africana.

A FAO entregou sementes e instrumentos de plantio a 5 milhões de pessoas e vacinou mais de 6 milhões de animais. O Unicef prestou assistência a cerca de 208 mil crianças com má nutrição severa. Este ano, prevê chegar a 215 mil.

Em seu momento de pico, o PMA estava a prestar assistência alimentar a 4,4 milhões de pessoas. Os planos para este ano são para entregar 20% mais mantimentos.