Chefe de direitos humanos cita “aniquilação monstruosa” em Ghouta Oriental
Escalada da ofensiva por parte do governo e aliados levou a quase 350 mortes e mais de 870 feridos somente neste mês de fevereiro; Zeid Al Hussein lembra de civis que estão há cinco anos vivendo sob o cerco e privados das necessidades mais básicas.
Leda Letra, da ONU News em Nova Iorque.
O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos classifica a situação em Ghouta Oriental, na Síria, de “campanha monstruosa de aniquilação”. O escritório de Zeid Al Hussein já documentou mais de 1,2 mil vítimas do conflito somente no mês de fevereiro.
No dia 4, forças do governo sírio e aliados ampliaram a ofensiva contra a oposição que tem o controle da região. Desde então, pelo menos 346 pessoas morreram e quase 880 ficaram feridas, a maioria vítimas de ataques aéreos em áreas residenciais.
Pânico
O Escritório de Direitos Humanos da ONU revela que 92 mortes aconteceram somente na segunda-feira, num período de 13 horas. A destruição de casas levou ao deslocamento de mais civis em áreas onde não há nenhuma segurança.
De acordo com relatos, civis, em especial mulheres e crianças, vivem num “estado de pânico, buscando abrigo em zonas subterrâneas, onde ficam sem comida e sem saneamento”.
O alto comissário de Direitos Humanos declarou que os civis “já estavam há mais de cinco anos sitiados, privados das necessidades mais básicas, e agora enfrentam bombardeios”.
Basta
Zeid Al Hussein pergunta qual o nível de crueldade necessário até que a comunidade internacional fale com uma só voz e peça um basta ao número de crianças mortas e famílias destruídas e aja para colocar um fim “a essa campanha monstruosa de aniquilação”.
Ele lembra que todos os envolvidos no conflito têm a responsabilidade de garantir que as vítimas recebam todos os cuidados, incluindo tratamento médico. Mas muitos centros de saúde foram atingidos pelos ataques.
O alto comissário reitera seu apelo à comunidade internacional, para garantir prestação de contas a essas violações, já que muitas podem ser consideradas crimes de guerra.