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Guterres: “solução de dois Estados pode estar se corroendo” no Médio Oriente

O secretário-geral da ONU, António Guterres, no encontro do Conselho de Segurança.
ONU/Loey Felipe
O secretário-geral da ONU, António Guterres, no encontro do Conselho de Segurança.

Guterres: “solução de dois Estados pode estar se corroendo” no Médio Oriente

Paz e segurança

Conselho de Segurança debateu situação na região, com presença do secretário-geral, do  presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, e embaixador de Israel junto da ONU; António Guterres voltou a dizer que não há “plano B”.

Alexandre Soares, da ONU News em Nova Iorque.

O Conselho de Segurança reuniu-se esta terça-feira para debater a situação no Médio Oriente. O coordenador especial para a região, Nickolay Mladenov, e o secretário-geral da ONU, António Guterres, falaram no encontro. O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, também discursou, assim como o embaixador de Israel junto à ONU, Danny Danon.

Guterres disse que participava no encontro para reforçar o seu compromisso, e o das Nações Unidas, para com uma solução de dois Estados para o conflito israelo-palestiniano. O chefe da ONU voltou a reforçar que “não existe um Plano B.”

Riscos

O secretário-geral da ONU explicou que “depois de décadas de apoio, o consenso global para uma solução de dois Estados pode estar se corroendo.”

Guterres disse que “os obstáculos no terreno têm o potencial de criar uma realidade irreversível de apenas um Estado” e que isso torna “impossível” responder “às aspirações nacionais, históricas e democráticas de israelitas e de palestinianos.” 

Refugiados

Guterres referiu-se ainda às condições humanitárias em Gaza, que descreveu como “extremas”, dizendo que “a segurança, direitos e dignidade de 5 milhões de refugiados estão em risco.”

O chefe da ONU considerou a falta de orçamento da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina, Unrwa, “uma matéria de preocupação internacional.”

Os EUA cortaram este ano a sua contribuição para a Unrwa que era de US$ 360 milhões, para US$ 60 milhões. A agência lançou em janeiro uma campanha de angariação de fundos para equilibrar o seu orçamento.

O coordenador especial da ONU para o Médio Oriente, Nickolay Mladenov, também participou do encontro e disse que o “trabalho da Unrwa “continua a ser vital.”

Assentamentos

Mladenov disse que, apesar das boas notícias no Iraque, com a vitória sobre o Isil, “muito do Médio Oriente continua nas garras de uma tragédia humana de proporções imensas.”

O coordenador especial da ONU explicou que “compete à comunidade internacional continuar a lutar por mudanças políticas de Israel em relação à Cisjordânia, incluindo uma paragem na construção de assentamentos”.   

O responsável disse que Israel tem demolido escolas palestinianas e que, segundo dados do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha, outras 44 escolas estão em risco de serem destruídas.

Em Gaza, o coordenador especial diz que “é preciso atuar de forma coletiva para aliviar o desastre humanitário e dar apoio total aos esforços de reconciliação do Egito.”

Mladenov referiu-se, por fim, a vários episódios de violência entre israelitas e palestinianos e pediu “a todos os lados que rejeitem violência, condenem o terror, garantam responsabilização e trabalhem para reduzir tensões.”