Perspectiva Global Reportagens Humanas

Países africanos afirmam direitos de pessoas com deficiência em novo protocolo

Trabalhadores com deficiência numa fábrica na capital de Gana, Accra
Foto Irin/Evans Mensah
Trabalhadores com deficiência numa fábrica na capital de Gana, Accra

Países africanos afirmam direitos de pessoas com deficiência em novo protocolo

Direitos humanos

Existem 84 milhões de pessoas em África com algum tipo de deficiência; novo protocolo está em processo de ratificação.

Alexandre Soares, da ONU News em Nova Iorque.*

O novo protocolo para a Carta Africana sobre Direitos Humanos pode fortalecer a implementação dos direitos de 84 milhões de africanos que têm deficiência.

A declaração é da relatora especial** para os direitos de pessoas com deficiência, Catalina Devandas, ela afirmou que o momento é “histórico” e que “o trabalho duro e a liderança das pessoas com deficiência em toda a África tornou este marco possível depois de 20 anos de preparação.”

Responsabilização

A adoção do protocolo aconteceu durante a Cimeira Anual da União Africana, em Adis Abeba, Etiópia, a 29 de janeiro.

A decisão culmina um longo processo, que começou em 1999 com a declaração da Década para as Pessoas com Deficiência em África, e com a criação de um grupo de trabalho.

O documento determina que os Estados “devem modificar, criminalizar e fazer campanha contra qualquer ação nociva” sofrida por estas pessoas, e que “ devem eliminar a discriminação com base na deficiência.”

Devandas afirma que o protocolo “deve conduzir a melhorias consideráveis na vida das pessoas” e que “se refere a alguns dos assuntos com impacto desproporcional nas pessoas com deficiência, como a pobreza, a discriminação sistémica e práticas nocivas.”

A relatora acredita que o continente “vai assistir a uma inclusão muito maior das preocupações de pessoas com deficiência nas leis, políticas e orçamentos, porque exige maior responsabilização e vigilância na forma como os estados implementam as suas obrigações.”

Ratificação

O protocolo foi aprovado durante a cimeira da União Africana, mas precisa agora de ser ratificado por cada um dos 53 países que assinam a Carta Africana sobre Direitos Humanos.

A relatora da ONU encorajou todos os estados a ratificarem o documento, sem atrasos.

*Apresentação: Monica Grayley.

**Os relatores têm mandatos independentes das Nações Unidas e não recebem pagamento pelo trabalho realizado.