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Casos de demência devem triplicar atingindo 152 milhões até 2050 BR

Equipe móvel de saúde mental trata pacientes em Chapagaun, no Nepal. Foto: OMS/A. Bhatiasevi (arquivo)

Casos de demência devem triplicar atingindo 152 milhões até 2050

Dados são da Organização Mundial da Saúde, OMS, que lançou plataforma online para monitorar conjunto de doenças; mulheres são a maioria dos novos 10 milhões de pacientes por ano. 

Eleutério Guevane, da ONU News em Nova Iorque.

O número de pessoas, que vivem com demência, deve triplicar dos atuais 50 milhões e atingir 152 milhões até 2050. A informação é da Organização Mundial da Saúde, OMS.

A agência lançou esta quinta-feira o Observatório Global de Demência, uma plataforma online que monitora a doença cuja evolução acompanha “o envelhecimento da população mundial”.

Lusófonos

Em entrevista à ONU News, ex-diretor na OMS e professor de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Botucatu, no Brasil, José Bertolote, falou de países de língua portuguesa. Os exemplos ilustram o avanço do problema em várias etapas de desenvolvimento “num futuro um pouco mais distante”.

“Há três grupos aqui. Num deles está justamente Portugal que já tem uma expectativa de vida muito alta em comparação com os demais. Brasil, que tem uma expectativa de vida média e uma taxa de natalidade decrescente. O terceiro grupo é justamente dos países lusófonos de África e Ásia que têm uma expectativa ainda mais baixa e ainda têm uma taxa de natalidade muito alta. É nestes países que o problema vai crescer mais. Em Portugal, está mais ou menos estabilizado pela perspectiva etária da população, no Brasil vai aumentar significativamente em muito pouco tempo e nos outros países lusófonos vai aumentar muito.”

A ideia é que a plataforma acompanhe os progressos na prestação de serviços para pessoas que vivem com a demência e para os que prestam assistência nos países e a nível mundial.

O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, sublinhou que quase 10 milhões de pessoas desenvolvem demência a cada ano. Destas, 6 milhões vivem em países de baixa e média rendas.

Para o chefe da agência, além do “sofrimento enorme” dos pacientes esse desafio crescente deve servir de alarme por exigir mais atenção, havendo que “garantir que todas as pessoas que vivem com demência, onde quer que estejam, tenham o cuidado que precisam”.

Custos

Os custos envolvidos nos cuidados das pessoas que vivem com demência chegam a  US$ 818 bilhões por ano, equivalentes a mais de 1% do Produto Interno Bruto global.

Esse total cobre assistência médica direta, social e cuidados informais além da renda dos que prestam assistência aos pacientes.

A demência descreve um de doenças progressivas que afetam a memória, outras habilidades cognitivas e comportamentos interferindo de forma significativa com a capacidade de uma pessoa manter as atividades diárias.

As mulheres são mais frequentemente afetadas do que os homens. A doença de Alzheimer é o tipo mais comum de demência e representa 60% a 70% dos casos sendo os mais comuns a demência vascular e formas misturadas.

Sobrecarga

Até 2030, o total deve superar o dobro e atingir US$ 2 trilhões e segundo a OMS “prejudicar o desenvolvimento social e econômico e sobrecarregar os serviços sociais e de saúde, incluindo os sistemas de cuidados prolongados.”

A agência quer seguir políticas e planos nacionais, medidas de redução de riscos e infraestrutura para atendimento e tratamento. A nova ferramenta online inclui informações sobre sistemas de vigilância e dados sobre o fardo da doença em 21 países. A meta é que o total chegue até 50 nações até o final de 2018.

Cerca de 81% dos países realizaram uma campanha de conscientização sobre demência ou redução de risco. Pelo menos 71% têm um plano para a demência e fornecem suporte e treinamento aos que oferecem cuidados às pessoas que vivem com demência.

Os resultados iniciais da OMS indicam que uma grande parte de países que enviam dados toma medidas em áreas como planejamento, aumento da consciência sobre demência e iniciativas amigáveis sobre demência.

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