OMS: vacinação contra cólera em Bangladesh é a 2ª. maior do mundo
Campanha preparada pela agência da ONU e parceiros começa nesta terça-feira em acampamentos com refugiados rohingya; 900 mil doses da vacina oral contra cólera serão aplicadas a 650 mil pessoas em Cox’s Bazar.
Laura Gelbert Delgado, da ONU News em Nova Iorque.
A Organização Mundial da Saúde, OMS, e parceiros estão se preparando para a segunda maior campanha do mundo de vacinação oral contra cólera que será realizada a partir desta terça-feira, em Cox’s Bazar, em Bangladesh.
Segundo a agência da ONU, centenas de agentes de saúde e voluntários foram mobilizados para entregar 900 mil doses da vacina OCV a mais de 650 mil homens, mulheres e crianças vivendo em acampamentos superlotados na região.
Vidas salvas
A menos de 24 horas do início da campanha, o diretor regional de emergência da OMS para o Sudeste Asiático, Roderico Ofrin, disse que os riscos foram avaliados e que a ação “provavelmente salvará muitas vidas”.
Desde o fim de agosto, mais de meio milhão de pessoas chegaram a Bangladesh fugindo do estado de Rakhine, em Mianmar. Segundo o Fundo das Nações Unidas para Infância, Unicef, cerca de 60% são crianças.
Centenas de milhares de pessoas já estavam em Cox’s Bazar, dificultando ainda mais o acesso à água limpa, saneamento e higiene.
Risco real, ação urgente
Uma avaliação de risco foi realizada por autoridades nacionais com o apoio de agências da ONU como a OMS, o Unicef, a Agência da ONU para Migrações, OIM, e a ONG Médicos Sem Fronteiras, MSF. A conclusão foi que o risco de um surto de cólera é “real e a necessidade de agir é urgente”.
A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, já está atuando com autoridades de Bangladesh para conter surtos de diarreia em acampamentos onde estão rohingyas que fugiram de Mianmar.
Água
O diretor da OMS afirmou ser essencial que a campanha de vacinação seja acompanhada de um aumento nos serviços de água e saneamento.
Segundo Roderico Ofrin, a imunização em massa fornecerá proteção vital contra cólera, especialmente nos próximos seis meses, mas não é substituto para água limpa, saneamento adequado e boa higiene.
O apoio técnico e operação da OMS à campanha é parte de sua resposta de emergência. Desde agosto, a agência ajudou a planejar e implementar campanhas contra sarampo, rubéola e pólio que protegeram mais de 100 mil crianças.
Crianças afogadas
E uma outra agência da ONU, OIM, chamou atenção para uma tragédia que atingiu mais refugiados rohingya na noite de domingo. Pelo menos 13 pessoas, a maioria crianças, se afogaram quando o barco de pesca em que estavam a caminho de Bangladesh virou numa tempestade.
A guarda-costeira bengalesa encontrou os corpos de sete meninos com idades entre três e 10 anos e quatro meninas com idades entre dois e três. Os corpos de dois adultos, um homem e uma mulher, também foram encontrados.
Os sobreviventes disseram a equipes da OIM que havia cerca de 60 refugiados na embarcação quando ela deixou Mianmar à noite. Funcionários da agência da ONU conversaram com sobreviventes, entre eles Arafat, de oito anos. Em choque, o menino contou que perdeu a família inteira no acidente: a mãe, o pai, uma irmã e um irmão mais novo.
A ONU calcula que serão necessários US$ 434 milhões para ajudar os refugiados da minoria rohingya nos próximos meses.
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