Falta de recursos compromete resposta humanitária no Iêmen, alerta ONU
Em evento de alto nível às margens da 72ª Assembleia Geral, subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários afirmou que país “não recebe a atenção internacional que merece”; chefe do Programa Mundial de Alimentos declarou que a situação no Iêmen é uma que “catástrofe absoluta”.
Laura Gelbert Delgado, da ONU News em Nova Iorque.
Ações para responder à crise humanitária no Iêmen, a maior do mundo, estão sendo prejudicadas pela insuficiência de fundos e outros desafios, alertou o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários.
Nesta sexta-feira, em evento de alto nível às margens da 72ª Assembleia Geral, Mark Lowcock declarou que apesar da “escala enorme de sofrimento ligado ao conflito brutal, incluindo a ameaça da fome e o pior surto de cólera do mundo, o Iêmen não recebe a atenção internacional que merece”.
Emergência
Lowcock ressaltou que cerca de 21 milhões de pessoas precisam de assistência de emergência ou proteção, a maioria criança. O plano de resposta humanitária deste ano para o Iêmen está financiado em apenas 45%, o que afeta o fornecimento de ajuda.
Ele afirmou que embora apenas negociações e um acordo político possam pôr um fim a esta terrível crise feita pelo homem, todas as partes do conflito no país devem respeitar a lei humanitária internacional e tomar cuidado constante de poupar civis e infraestrutura civil.
“Catástrofe absoluta”
Já o Programa Mundial de Alimentos, PMA, conseguiu chegar a 7 milhões de pessoas no mês passado, ajudando a evitar uma possível situação de fome. No entanto, a medida custou o corte de porções alimentares para cerca de metade dos beneficiários para 60% do nível normal.
Num outro evento nesta sexta-feira, o chefe do PMA, David Beasley, declarou que “o Iêmen é uma catástrofe absoluta”.
Segundo Beasley, das “menos de 30 milhões de pessoas que vivem no país, 17 milhões estão na iminência de passar fome”.
Basta
Em uma entrevista à ONU News, em inglês, o coordenador humanitário da ONU no Iêmen, Jamie McGoldrick, disse que se reuniu esta semana em Nova Iorque e pediu que eles fornecessem mais recursos.
McGoldrick afirmou que também esteve com os envolvidos no conflito e os lembrou de suas obrigações sob a lei humanitária internacional.
“Basta”, disse o coordenador humanitário da ONU, ressaltando que “o sofrimento não deveria ser o DNA das pessoas” no Iêmen.
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