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Novo estudo examina ligação entre fome e migração na América Central BR

Mãe e filha que deixaram El Salvador para viver no México. Foto: Acnur/M.Redondo (arquivo)

Novo estudo examina ligação entre fome e migração na América Central

Pesquisa trata ainda do impacto sobre famílias deixadas em El Salvador, Guatemala e Honduras; diversas agência da ONU participaram da produção do documento; estudo encontrou relação entre secas prolongadas e o aumento da migração irregular destes países para os Estados Unidos.

Laura Gelbert Delgado, da ONU News em Nova Iorque.

Um novo estudo produzido pelo Programa Mundial de Alimentos, PMA, e parceiros encontrou uma relação entre secas prolongadas em El Salvador, Guatemala e Honduras, exacerbadas pelo fenômeno El Niño entre 2014 e 2016, e o aumento da migração irregular destes países para os Estados Unidos.

“Segurança alimentar e emigração: por que as pessoas fogem e o impacto sobre as famílias deixadas em El Salvador, Guatemala e Honduras” mostra a necessidade de investir em programas de longo prazo para desencorajar que pessoas do chamado Corredor Seco emigrem e para reduzir os riscos para emigrantes e o impacto sobre as famílias que ficam.

Jovens

O estudo mostra uma tendência de pessoas mais jovens e mais vulneráveis deixando locais onde há uma situação de insegurança alimentar, especialmente na área de Corredor Seco, que atravessa os três países.

O secretário-geral assistente da Organização de Estados Americanos, OEA, Nestor Mendez, afirmou que o estudo pode ajudar a encontrar soluções para os que foram forçados pela fome a deixar suas casas.

Mendez disse que direitos humanos são o pilar para inclusão social, democracia e paz, ressaltando que quando milhões de cidadãos das Américas ainda sofrem de fome é sinal de que “ainda há muito a ser feito”.

Famílias

Segundo o estudo, familiares que ficam acabam pagando as dívidas dos parentes que emigraram e a situação é ainda mais difícil quando a emigração não é bem-sucedida.

O documento também mostrou que 47% das famílias entrevistadas estavam em situação de insegurança alimentar, um índice sem precedentes na região.

Já 72% das famílias entrevistadas afirmaram estar usando estratégias de “emergência”, como a venda de suas terras, animais ou instrumentos de produção para comprar comida.

Remessas

Ao mesmo tempo, 78% dos familiares que ficam nos países de origem estão recebendo remessas mensais e 42% dos entrevistados responderam que esta era sua única fonte de renda.

Segundo a pesquisa, mais de metade do dinheiro recebido das pessoas que emigraram é usado por suas famílias para comprar comida, terras e animais e também para investimento em pequenos negócios.

O estudo foi financiado e produzido conjuntamente pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento, BID, o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola, Fida, e o PMA em parceria com a Organização Internacional para Migrações, OIM e a OEA.

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