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Conselho de Segurança discute situação em Jerusalém BR

Conselho de Segurança se reúne para discutir situação no Oriente Médio. Foto: ONU/Manuel Elias

Conselho de Segurança discute situação em Jerusalém

Para coordenador especial da ONU para o processo de paz no Oriente Médio, os incidentes nos últimos 11 dias em locais considerados sagrados demonstraram “sério risco de uma escalada perigosa”.

Laura Gelbert Delgado, da ONU News em Nova Iorque.

Após consultas a portas fechadas na segunda-feira, o Conselho de Segurança voltou a se reunir sobre a situação no Oriente Médio. O coordenador especial da ONU para o processo de paz na região, Nickolay Mladenov, afirmou que os riscos de uma escalada da violência na região continuam crescendo.

Mladenov lembrou que o “conflito israelense-palestino não é apenas sobre terra e paz”, mas sobre “dois povos, ambos com aspirações nacionais legítimas por soberania e reconhecimento, duas nações cujas histórias são entrelaçadas e cujos futuros são ligados para sempre”.

Cicatrizes

O coordenador especial afirmou que, felizmente, até o momento israelenses e palestinos não “sucumbiram” à violência que envolveu a região nos últimos anos.

Mladenov declarou, no entanto, que “meio século de ocupação produziu dezenas de milhares de vítimas e deixou cicatrizes psicológicas profundas em ambos os lados”.

Jerusalém

Ele chamou atenção que “acontecimentos nos últimos 11 dias em locais sagrados na cidade velha de Jerusalém, no entanto, demonstraram o sério risco existente de uma escalada perigosa”.

O enviado da ONU falou no risco de que este seja transformado em um “conflito religioso” que “arraste ambos os lados a um espiral de violência”.

Em 14 de julho, dois policiais israelenses foram mortos na entrada do chamado Portão do Leão por três agressores que depois foram mortos.

Citando preocupações de segurança, as autoridades israelenses fecharam o complexo a todos incluindo, pela primeira vez desde 1969, a muçulmanos para as preces de sexta-feira e restringiu entrada à Cidade Velha para procurar novas ameaças no local do ataque e conduzir uma investigação.

O complexo foi aberto dois dias depois, primeiros para muçulmanos que iriam rezar, depois para visitantes, com detectores de metal na entrada.

A Islamic Waqf, que administra os locais muçulmanos no Monte do Templo ou Esplanada das Mesquitas e arredores, rejeitou a medida, como uma mudança no status quo e pediu aos fiéis que não entrassem no local através dos detectores de metal, mas que rezassem na entrada e nas ruas de Jerusalém.

Outros grupos palestinos também conderam a medida e Mladenov citou que o Hamas e a Jihad Islâmica emitaram uma declaração conjunta “alertando” que isto levaria a uma escalada.

Entre outros acontecimentos durante a semana, o enviado citou que quatro manifestantes palestinos morreram e centenas ficaram feridos em confrontos em 21 e 22 de julho.

Mladenov mencionou ainda que ainda na sexta-feira, três israelenses foram mortos em um “ataque terrorista brutal em sua casa” em um assentamento na Cisjordânia por um palestino que 19 anos que em seu último testamento ligou seu ato aos acontecimentos em Jerusalém Oriental.

O enviado pediu que o Conselho condene a violência dos últimos dias.

Milhões de pessoas

Mladenov declarou que embora as ações em Jerusalém estejam acontecendo em uma área pequena na Cidade Velha, elas afetam centenas de milhões de pessoas em todo o mundo.

Ele saudou a decisão israelense, na noite de seguda-feira, de remover os detectores de metal enquanto garante a segurança de fieis e visitantes aos locais sagrados. Mladenov disse esperar que a medida acalme a situação.

Status Quo

O coordenador da ONU afirmou ainda que o presidente Mahmoud Abbas deve reunir a liderança palestina na noite desta terça-feira para discutir os acontecimentos.

Segundo Mladenov, em 21 de julho, o presidente Abbas havia anunciado que a Autoridade Palestina congelaria todo o contato com Israel, incluindo coordenação de alto nível em segurança.

Para o enviado das Nações Unidas, como visto nos últimos 11 dias, é “vital que o status quo em Jerusalém, estabelecido em 1967, seja preservado” e pediu a ambos os lados que evitem ações de provocação, mostrem moderação e levem um fim a esta crise nos próximos dias.

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