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Especial: ODSs são “compromisso e oportunidade” para o Brasil BR

Foto: Ocha/Daniel Pfister

Especial: ODSs são “compromisso e oportunidade” para o Brasil

Avaliação é do secretário-executivo da Comissão Nacional para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, Henrique Villa; Brasil apresentou seu progresso em relação à implentação dos ODSs na sede da ONU, em Nova Iorque; secretário-geral lançou relatório com panorama mundial.

Laura Gelbert Delgado, da ONU News em Nova Iorque.

O Brasil apresentou na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, seu progresso em relação à implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODSs.

A apresentação foi feita pelo embaixador Antônio Marcondes e pelo secretário-executivo da Comissão Nacional para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, Henrique Villa.

Oportunidade

Após o discurso, o secretário nacional falou à ONU News sobre “a importância dessa agenda para o futuro do Brasil”.

“Muito se fala que a Agenda é um compromisso do Brasil, da sociedade brasileira com a Organização das Nações Unidas. Eu entendo que evidentemente o compromisso está colocado, mas ela é muito mais uma oportunidade. Uma oportunidade que a gente possa caminhar até 2030 num outro patamar, com outros princípios, com outra forma de fazer política, inclusive fazer política pública. Saindo um pouco do nosso processo, eu diria, cultural, de fazer política setorial, sem muita integração, sem muita coordenação. A Agenda não permite isso. A Agenda 2030 nos obriga a fazer diferente. Nos obriga a trazer inovação social para a gestão de políticas públicas. Portanto, muito mais do que um compromisso, é uma oportunidade de fazer diferente.”

Agenda de Estado

Henrique Villa ressaltou ainda que esta é uma “Agenda do Estado brasileiro” e não “deste governo ou do próximo”.

Agenda ambiciosa

Já o embaixador Antônio Marcondes destacou o caráter ambicioso da Agenda de Desenvolvimento Sustentável. Ele ressaltou ainda que o relatório apresentado não foi um relatório final, mas sim “conceitual e político”, colocando como o Brasil pretende trabalhar na implemetação dos objetivos.

“E respondendo essa pergunta de como que nós pretendemos trabalhar, é justamente integrando governo, em todos os seus âmbitos, federal, estadual e municipal, integrando a sociedade civil, integrando a academia, integrando o setor produtivo, integrando todos. A única maneira que nós podemos alcançar os resultados que nós esperamos dessa Agenda, os resultados ambiciosos que nós temos nessa Agenda, e a expectativa. Quando nós negociamos essa Agenda, o Brasil sempre defendeu que nós tínhamos que ser muito mais ambiciosos do que a Agenda dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio”.

Portugal

O Brasil é um dos 44 países que se ofereceram para fornecer relatórios sobre progressos relacionados ao alcance dos ODSs durante o Fórum de Alto Nível sobre Desenvolvimento Sustentável realizado na sede da ONU, em Nova Iorque, até quarta-feira.

Portugal também faz parte do grupo e apresentará seus resultados nesta terça-feira.

Relatório da ONU

Na segunda-feira, o secretário-geral das Nações Unidas lançou um relatório da ONU sobre o progresso dos ODSs.

Segundo o documento, se o mundo quiser erradicar a pobreza, combater a mudança climática e construir sociedades pacíficas e inclusivas para todos até 2030 são necessárias mais ações para acelerar o progresso dos ODSs.

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Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Imagem: ONU
Pobreza e desnutrição

Embora cerca de 1 bilhão de pessoas tenham saído de uma situação de extrema pobreza desde 1999, cerca de 767 milhões permaneciam destituídas em 2013, a maioria delas vivendo em situações de fragilidade.

Apesar de grandes avanços, um número alarmante de crianças com menos de cinco anos continuam sendo afetadas pela desnutrição. Entre 2000 e 2015, o índice global de maternidade materna caiu 37% e a mortalidade de crianças com menos de cinco anos caiu 44%.

No entanto, 303 mil mulheres morreram durante a gravidez ou o parto e 4,9 milhões de menores de cinco anos morreram em todo o mundo em 2015.

Energia e desenvolvimento

Na área de energia sustentável, apesar de avanços mais de 3 bilhões de pessoas ainda não tinham acesso a tecnologias e combustíveis limpos para cozinhar, o que levou a cerca de 4,3 milhões de mortes em 2012.

De 2015 a 2016, a assistência oficial ao desenvolvimento subiu 8,9% em termos reais, chegando a US$ 142,6 bilhões. No entanto, a ajuda bilateral aos países menos desenvolvidos caiu 3,9% em termos reais.

O relatório global também mostra que os benefícios do desenvolvimento não são partilhados de forma igual. Em comparação aos homens, em média, as mulheres passam quase o triplo do tempo em trabalhos não remunerados como doméstico e de cuidados, baseado em dados de 2010 a 2016.

Desemprego e desastres naturais

Segundo o documento, perdas econômicas causadas por desastres naturais estão chegando a uma média de US$ 250 bilhões a US$ 300 bilhões, com impacto desproporcional em países pequenos e vulneráveis.  

Apesar da taxa global de desemprego ter caído de 6,1% em 2010 para 5,7% em 2016, os jovens tinham probabilidade cerca de três vezes maior de estarem sem emprego do que os adultos.

O Relatório dos ODSs 2017 é baseado nos últimos dados disponíveis sobre indicadores selecionados do quadro global de indicadores dos Objetivos, elaborados pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas com contribuições de um grande número de organizações internacionais e regionais.

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