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Especial: Unesco apoia programa aprendizagem em família em Moçambique

Foto: Rádio ONU/Ouri Pota

Especial: Unesco apoia programa aprendizagem em família em Moçambique

A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, Unesco, afirma que há mudanças na comunidade no distrito de Boane, sul de Moçambique desde a implementação do programa aprendizagem em familia.

Ouri Pota, da ONU News em Maputo.

Fortalecer o papel de pais, mães e encarregados da educação das crianças; melhorar as competências de leitura, escrita e cálculos em diferenets línguas são alguns dos objectivos do programa da Aprendizagem em Familia implementado pela Unesco através do Fundo Malala.

O modelo pedagógico adoptado no programa contempla quatro nomentos, o primeiro em que os pais ou adultos e crianças são separados, no segundo os adultos e crianças estão juntos. Já no terceiro momento, os pais/adultos são separados das crianças e depois reúnem-se para uma tarefa de casa.

Modelo

Dulce Mungoi, especialista em Educação da Unesco Moçambique explica como funciona o modelo.

“Os pais são instruídos de como devem trabalhar com as crianças e as crianças também são introduzidas sob o tema, por exemplo, num primeiro momento nós podemos falar sobre os membros da familia, então durante a sessão com os adultos nós procuramos identificar quais são os membros da família e preparar os pais com actividades pedagógicas para que no momento que estiverem com os filhos desenvolvam conversa, jogos sobre a sua família.”

Em conversa com a Rádio ONU News em Maputo, Albertina Mandlate e Gina Lumbela, manifestaram alegria do projeto, afirmado quando se aproxima às 14 horas, a ideia e preparar para mais uma sessão de alfabetização, através da qual já conseguem fazer cálculos, dialogar através da língua portuguesa assim como partilhar mensagens via telemovél.

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Foto: Rádio ONU/Ouri Pota
Alfabetização

Já Eduardo Zucula, ponto focal a nível da direcção nacional de alfabetização e educação de adultos, no âmbito do projeto Malala, considera que o projecto já apresenta resultados.

“Eles já podem participar em algumas decisões dentro da própria comunidade. Eles já têm uma outra forma de ver as coisas e de fazer, porque isso também é discutido e partilhado dentro do grupo da iniciativa Malala, pois há questões de saúde, de nutrição que eles discutem nas sessões e nas aulas normais de alfabetização e quiçá também dentro da sua própria comunidade”.

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Foto: Rádio ONU/Ouri Pota
Comunidades

O projecto "Abordagem integrada de alfabetização e educação de adultos para capacitar mulheres jovens e suas famílias através do aprendizado em comunidades rurais e periurbanas em Moçambique", foi lançado em 2015 e abrange 13 comunidades dos distritos de Boane, Eráti e Memba. Segundo a Unesco, estima se que a iniciatia beneficiei a 600 familias. A especialista da Unesco afirma que os desafios são vários, porém citou a questão de usos e costumes das comunidades.

Choque

“Este é um desafio muito grande e um choque num primeiro momento, mas com aprendizagem em família nós queremos demostrar que há uma aprendizagem conjunta, que as crianças tem também algo a ensinar aos pais. O choque é esse como é que eu vou conversar com os meus filhos sobre a minha família, o desafio é criar uma nova forma de aprender e de estar em casa e que antes de mais nada, o papel da familia é determinante na educação da criança.”

Dados do último censo (2007) indicam que no distrito de Boane, 37,1% das mulheres e 15,1% dos homens são analfabetos, o que dificulta a participação plena nas tomadas de decisões e ou expansão de oportunidades de vida.

A iniciativa tem apoio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, Unesco, atraves do fundo Malala em coordenação com Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano.

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Foto: Rádio ONU/Ouri Pota
O Fundo Malala foi criado pelo Governo de Paquistão e a Unesco. O objetivo é contribuir para o respeito dos direitos humanos e o empoderamento de mulheres e raparigas, através do acesso destes grupos à educação.

Malala Yousafzai, a patrona do Fundo, tornou-se conhecida pela sua defesa do direito universal à educação e à paz em todo o mundo. Em outubro de 2012, ela foi vítima de um atentado que foi levado a cabo pelas milícias talebãs.