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Aids: ainda existem lacunas para os que mais precisam BR

Ao mesmo tempo, um plano global para eliminar a transmissão do vírus de mães para bebês reduziu em menos de metade o número de novas infecções por HIV entre crianças. Foto: Unaids

Aids: ainda existem lacunas para os que mais precisam

Avaliação está em relatório do secretário-geral da ONU apresentado nesta quinta-feira na Assembleia Geral; estimativas do Unaids são de que 1,5 milhão de pessoas vivendo com HIV estão em Moçambique e 800 mil no Brasil. 

Laura Gelbert Delgado, da ONU News em Nova Iorque.

O relatório do secretário-geral da ONU “Revitalizando a Resposta à Aids para Catalisar o Desenvolvimento Sustentável e a Reforma das Nações Unidas” foi apresentado nesta quinta-feira em uma reunião plenária na Assembleia Geral.

O documento mostra que “compromissos globais ousados, responsabilidade financeira partilhada e uma abordagem centrada nas pessoas e com base em princípios de equidade” resultaram em sucessos na reposta à Aids.

Desenvolvimento sustentável

No entanto, ainda há lacunas na prevenção e tratamento, princiapalmente entre as pessoas que mais precisam.

Discursando na Assembleia Geral, a vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, afirmou que durante o processo de desenvolvimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODSs, ficou claro para ela o quão “relevante e inovadora” a abordagem de acabar com a Aids havia sido e o quão importante seria que continuasse.

Segundo Mohammed, alcançar as metas relacionadas à Aids está ligado e integrado à Agenda 2030 de forma mais ampla. Para a vice-chefe da ONU, ambas são  baseadas em “equidade, direitos humanos e a promessa de não esquecer de ninguém”.

Avanços

A iniciativa 90-90-90 orientou uma “expansão dramática” do tratamento antiretroviral e reduziu muito as mortes relacionadas à doença. A diretriz também contribuiu para a queda de novas infecções por HIV.

Ao mesmo tempo, um plano global para eliminar a transmissão do vírus de mães para bebês reduziu em menos de metade o número de novas infecções por HIV entre crianças.

Financiamento 

Segundo o documento, nos primeiros anos da resposta à Aids, a aceleração do investimento dependia principalmente de ajuda bilateral e multilateral.

Em anos mais recentes, o investimento doméstico cresceu de forma consistente e atualmente representa cerca de 60% de todos os recursos para a reposta ao HIV em países de rendas baixa e média.

Nações de renda média como África do Sul, Brasil, China, Índia e Tailância atualmete financiam a maioria de seus serviços relacionados ao HIV.

Brasil e Moçambique

No entanto, a Aids está longe de ter acabado. Cálculos do Programa Conjunto das Nações Unidas para o HIV/Aids, Unaids, indicam que em 2015 houve 2,1 milhões de novas infecções em todo o mundo e 1,1 milhões de mortes relacionadas ao vírus.

No mesmo ano, 36,7 milhões de pessoas viviam com o HIV, sendo 80% em apenas 20 países.

Destas, 7 milhões são da África do Sul, 1,5 milhão de Moçambique e 800 mil do Brasil.

Otimismo e complacência

Apesar dos avanços, com menos de quatro anos faltando até o prazo de 2020 para a realização de marcos na reposta, o relatório alerta para o “perigo de que o otimismo se converta em complacência”.

Segundo o documento, compromissos globais não estão sendo traduzidos de forma consistente em mais investimentos e ações. O financiamento para a reposta não aumentou e o progresso na redução de novas infecções por HIV entre adultos está paralizado.

Alerta

O relatório do secretário-geral alerta que lacunas nos serviços de prevenção, testagem e tratamento para o HIV são maiores entre as populações que mais precisam.

Além disso, mulheres e meninas ainda estão carregando o maior peso da epidemia de Aids. Populações chave, incluindo trabalhadores sexuais, pessoas que injetam drogas, transgêneros, prisioneiros, homens homossexuais e outros homens que fazem sexo com homens permanecem como os que têm maior risco de contraír a infecção pelo HIV.

O documento defende que outras 10 milhões de pessoas vivendo com o vírus devem ter acesso ao tratamento até 2020. No entanto, a maioria não tem conhecimento de sua infecção com o vírus.

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